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‘Trump Wall’: Desde 2007 que as estadias prolongadas superam em mais de meio milhão as travessias ilegais

As afirmações de Trump sobre a fronteira sul falham em explicar que a maioria da imigração ilegal ocorre quando os imigrantes excedem os seus vistos temporários. Durante o ano fiscal de 2017, o Departamento de Segurança Interna constatou que 701 mil imigrantes com vistos permaneceram nos EUA depois do fim do prazo do documento, mais do dobro dos imigrantes detidos na fronteira durante o mesmo período.
9 Janeiro 2019, 12h43

Embora o presidente norte-americano, Donald Trump, tenha frequentemente chamado “crise” à situação na fronteira dos Estados Unidos (EUA) com o México, os mais recentes dados do governo mostram que as detenções durante o seu mandato caíram, em comparação com a Administração Obama, sendo que a maioria da imigração ilegal ocorre por meio de vistos temporários.

Durante o ano fiscal de 2018, que durou até o final de setembro, a Alfândega e Proteção de Fronteiras (Costums and Border Protection – CBP, sigla em inglês) prendeu 396.579 imigrantes ilegais na fronteira sul. Esse número é menor do que as 400.000 detenções médias anuais durante o mandato do ex-presidente Barack Obama e apenas uma fração dos 1,6 milhões de detenções em 2000, quando Bill Clinton estava no cargo. Ou seja, as afirmações de Trump sobre a fronteira sul falham em explicar que a maioria da imigração ilegal ocorre quando os imigrantes excedem os seus vistos temporários.

Durante o ano fiscal de 2017, o Departamento de Segurança Interna (Departament of Home Security – DHS, sigla em inglês) constatou que 701 mil imigrantes com vistos permaneceram nos EUA depois do fim do prazo do documento, mais que o dobro dos 303 mil imigrantes detidos na fronteira durante o mesmo período. Um relatório do Centro de Estudos Migratórios (Center for Migration Studies, em inglês)descobriu que esse tem sido o padrão desde 2007.

O grupo que tem vindo aumentar é o dos que aguardam resposta ao pedido de asilo. No ano fiscal de 2018, 92 mil pessoas na fronteira sul pediram asilo, um aumento de 67% em relação ao ano anterior. Os requerentes de asilo representaram 18 % de todas as detenções na fronteira, “um dramático crescimento entre 2000-2013, quando menos de 1% das pessoas encontradas pelo CBP iniciaram pedidos de asilo”, de acordo com um relatório do CBP.

A Administração Trump tem vindo a limitar intencionalmente o número de pedidos de asilo processados ​​na fronteira a cada dia, uma prática conhecida como “medição”, na tentativa de dissuadir os imigrantes de virem ao país. No entanto, o DHS reconheceu que a prática “pode ​​ter levado a mais travessias  ilegais nas fronteiras”.

No 19º dia da paralisação do governo (“shutdown“), Trump voltou a vincar a necessidade de um muro fronteiriço e a importância da aprovação do financiamento de 5,6 mil milhões de dólares para o reforço da segurança nacional. Os democratas e Nancy Pelosi não cedem, e assim a suspensão continua. “A crise da atividade ilegal na nossa fronteira sul é real e não vai parar até construirmos uma grande barreira de aço ou muro”, ‘tweetou’ o presidente a 22 de dezembro, o dia em que a paralisação começou.

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