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Futuro de Lisboa “vai depender da capacidade negocial de Carlos Moedas”, dizem especialistas

Politólogo José Adelino Maltez destaca negociações. “Se fizermos a tradicional contabilidade entre esquerda e direita Moedas está em minoria, tem sete e do outro lado estão dez”, ressalvou, por sua vez, José Palmeira, professor da Universidade do Minho, em declarações ao Jornal Económico.
28 Setembro 2021, 18h00

Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com 34% dos votos. Em segundo lugar ficou Fernando Medina com 33%. A CDU (junção de PEV e PCP) e o Bloco de Esquerda também elegeram vereadores. Ao juntar os partidos de esquerda, Moedas fica em desvantagem, sendo que a esquerda tem dez lugares na vereação, contra os sete da direita.

No entanto, os especialistas em política contactados pelo Jornal Económico (JE) acreditam que apesar de a esquerda prometer marcar uma forte oposição na CML, na capital, o futuro de Lisboa, a economia da capital, dependerá da capacidade negocial de Carlos Moedas com PS, CDU e BE.

Quando questionado pelo JE sobre a oposição que a esquerda vai representar para Carlos Moedas, o politólogo José Adelino Maltez referiu que poderá trazer “vantagens” para Carlos Moedas. “Assim pode fazer política e não ter que preocupar-se quem é que vai para a EMEL, para o Gebali. Portanto, tem uma grande desculpa”.

Relativamente às futuras negociações na CML entre os eleitos, Adelino Maltez considerou que tudo iria depender “da capacidade negocial de Carlos moedas”. “Como Carlos Moedas é filho de um comunista tem a grande vantagem de conhecer os estilos, quer os estilos da esquerda, quer aquilo que foi o sentido de voto dos lisboetas”, completou.

Segundo o politólogo, nas negociações entre esquerda e direita, vão pesar as políticas de cada candidato. “Há medidas que à cabeça serão aprovadas e à medidas que limitarão, o problema é que é o programa eleitoral que o fez presidente da camara. Ninguém quer ter uma cidade encravada por divisões político-partidárias”.

Esquerda juntar-se contra Moedas provoca “ingovernabilidade”

José Palmeira, docente na Universidade do Minho no departamento de ciência política, explicou ao JE que realmente Moedas tem alguma desvantagem.

“É verdade que Carlos Moedas têm o mesmo número de vereadores que o PS e ainda há dois da CDU e um do Bloco de Esquerda. O que significa que se fizermos a tradicional contabilidade entre esquerda e direita Moedas está em minoria, tem sete e do outro lado estão dez”, disse José Palmeira.

Quanto a uma possível junção da esquerda contra Moedas, o especialista em política considerou que essa possibilidade iria provocar “ingovernabilidade”.

Em caso de existir oposição sistemática por parte da esquerda, José Palmeira defende que poderão existir eleições antecipadas: “Se ver que não houver condições para [governação devido à oposição de PS, CDU e BE] só há uma solução, que já aconteceu em outros municípios que é todos os candidatos vereadores do PSD e os seus suplentes abdicam dos cargos e provocar eleições antecipadas”.

José Palmeira recordou ainda que “a primeira vez que ganhou as eleições no Porto também estava numa situação semelhante e em minoria e a forma que se ultrapassou foi atribuir um pelouro ao vereador da CDU”.

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