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Turquia leva um ‘puxão de orelhas’ da Rússia por causa da Arménia

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia considera que os desentendimentos históricos entre a Turquia e a Arménia são o esteio da eternização das escaramuças em Nagorno-Karabakh.
3 Setembro 2021, 18h20

Se tudo ficou mais óbvio a partir de 1915, o certo é que a Turquia e a Arménia têm um histórico de desentendimentos que tendem a perpetuar-se e, sabendo disso, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, instou publicamente os dois países a retomarem os esforços de normalização das relações bilaterais.

“As duas partes viram o processo de resolução da questão de Nagorno-Karabakh de forma diferente. Mas agora, quando a guerra acabou, há motivos para desbloquear o processo político e os laços económicos. Seria lógico se Arménia e Turquia que retomassem os esforços para normalizar as relações”, disse o ministro.

Estas declarações apontam claramente para a evidência de que Moscovo considera o governo de Ancara como um dos problemas existentes e não sanados em Nagorno-Karabakh, uma vez que a Turquia – forte país apoiante do Azerbaijão – continua, diz a Rússia, a minar em surdina qualquer entendimento entre as duas partes. Corroborando esta opinião, é usual os jornais turcos escreverem notícias sobre as ousadias dos militares arménios contra os militares azerbaijanos, empolando as suas consequências (um pouco como fazem quando falam dos curdos em geral e do PKK em particular).

Na passada quinta-feira, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, afirmou que o país sempre apoiou a normalização dos laços Arménia-Turquia e no passado fez diversos esforços de mediação com esse fim. E observou que a Rússia saudou a assinatura dos Protocolos de Zurique (2009), que iam exatamente nesse sentido, sem condições preliminares. Mas os resultados revelaram-se escassos.

As declarações do Ministério não podiam ser mais ´´obvias: “juntamente com a normalização das relações azerbaijanas-arménias no contexto da implementação das declarações assinadas pelos líderes da Rússia, Azerbaijão e Arménia em 9 de novembro de 2020 e 11 de janeiro deste ano, a normalização entre Arménia e Turquia contribuiria para a paz, a estabilidade e a prosperidade na região”, acrescentou a porta-voz.

A Turquia acredita que “a paz permanente é possível através da cooperação mútua baseada na segurança entre os Estados e as pessoas na região do Sul do Cáucaso”, disse o Presidente turco Recep Erdogan em junho, num discurso na Assembleia Nacional do Azerbaijão, em Baku.

Na altura, Erdogan regressou a um projeto que a Turquia já tinha avançado antes, de criação de uma plataforma de seis nações (Turquia, Rússia, Irão, Azerbaijão, Geórgia e Arménia), que pudesse lançar bases duradouras para a estabilidade e cooperação para o desenvolvimento.

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