[weglot_switcher]

Turquia penaliza bolsas europeias e PSI 20 fecha a semana no ‘vermelho’

A pesar sobre os mercados globais está a situação na Turquia, onde sanções e tarifas aduaneiras por parte dos Estados Unidos levaram a um tombo do valor da moeda de quase 20%.
  • Reuters
10 Agosto 2018, 16h45

A Bolsa de Lisboa fechou esta sexta-feira a perder 0,24% para 5.628,6 pontos, em linha com o sentimento negativo na Europa e EUA. A pesar sobre os mercados globais está a situação na Turquia, onde sanções e tarifas aduaneiras por parte dos Estados Unidos levaram a um tombo do valor da moeda de quase 20%.

“As bolsas negoceiaram em baixa com as preocupações em relação ao comércio mundial e ao desenrolar da situação instável na Turquia”, explicou Carla Maia Santos, senior broker da XTB, que apontou ainda para a instabilidade geopolítica, “com os EUA a quererem levar as sanções à Rússia. “Neste vai-vem, os investidores recorrem ao dólar com safe haven, levando esta a valorizar face a outras moedas”, afirmou.

Em Portugal, o grupo Sonae liderou as perdas no PSI 20, com a Sonae Capital a recuar 1,58% para 0,872 euros e a Sonae 1,20% para 0,987 euros, enquanto a concorrente Jerónimo Martins perdeu 0,19% para 13,040 euros. No setor do papel e pasta de papel, a Semapa caiu 1,55% e a Navigator 1,13%. Já na energia, a EDP Renováveis cedeu 0,40% e a EDP 0,17%.

Em Lisboa, sete cotadas fecharam no ‘verde’, mas nenhuma com ganhos acima de 1% e foram as mais pequenas – a F.Ramada (0,99%) e a Ibersol (0,83%) – que mais valorizaram. A NOS subiu 0,28% para 4,958 euros, a Corticeira Amorim avançou 0,19% para 10,640 euros e a Mota-Engil 0,17% para 2,890 euros. Entre empresas portuguesas positivas, o destaque esteve, no entanto, no BCP.

BCP resiste ao sentimento na banca

A banca é um dos setores que está a ser mais afetado pela instabilidade na Turquia. “A Turquia é tema central para os mercados, contagiando a performance nas bolsas europeias em especial a banca”, explicou Ramiro Loureiro, analista de mercados da MTrader, Millennium BCP.

“O Financial Times dá conta que o Banco Central Europeu está preocupado com a exposição do BBVA, UniCredit e BNP Paribas à Turquia, perante a forte depreciação da lira”, acrescentou.

O BCP avançou 0,23% para 0,264 euros, contrariando as pares. O BBVA caiu 5,16% para 5,64 euros, o UniCredit desvalorizou 4,73% para 13,78 euros e o BNP Paribas perdeu 2,99% para 52,56 euros.

O ‘vermelho’ foi, aliás, a cor predominante no dia nos mercados europeus. O índice pan-europeu Euro Stoxx 50 desvalorizou 1,86%, enquanto o alemão DAX perdeu 1,96%, o francês CAC 40 caiu 1,59%, o espanhol IBEX 35 cedeu 1,61%, o italiano FTSE MIB tombou 2,51% e o britânico FTSE 100 recuou 0,99%.

Lira em crise tomba 18%

No mercado cambial, a lira turca é o principal foco dos investidores. A moeda da Turquia desvalorizou 18% esta sexta-feira, prolongando as perdas face ao dólar que já chegam aos 30% na última semana. A dívida turca também tem sido penalizada e a yield a 10 anos supera já os 20%, depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado que vai impor tarifas aduaneiros de 20% à importação de alumínio da Turquia e de 50% ao aço.

“Os mercados turcos continuam numa espiral descendente com a lira agora já numa crise de divisa completa”, afirmou Paul Greer, gestor de portefólio da Fidelity International. O dólar valorizou para máximos de 13 meses contra uma cesta de moedas e o euro depreciou-se 1,01% para 1,1411 dólares.

Os juros das dívidas soberanas na zona euro seguiram esta sexta-feira tendências contrárias. Na Alemanha a yield das Bunds a 10 anos recuou 5,6 pontos para 0,319%, enquanto a da dívida francesa cedeu 4 pontos para 0,672%. Por outro lado, o juro das Obrigações portuguesas subiram 2,4 pontos para 1,791%, em linha com os aumentos em Espanha (1,409%), Itália (3%) e Grécia (4,215%).

As tensões comerciais entre os comerciais e, desta vez, a Rússia também marcou a sessão no mercado petrolífero. O crude WTI negociado em Nova Iorque subiu 1,17% para 67,59 dólares por barril e o brent negociado em Londres avançou 0,94% para 72,75 dólares por barril.

[Notícia atualizada às 17h10]

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.