Turquia regressa ao tema da adesão à União Europeia

Ao cabo de mais de dez anos de conversações, o dossier da adesão da Turquia à União Europeia parecia ter sido esquecido numa qualquer gaveta em Bruxelas, mas, surpreendentemente, o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Çavusoglu, acaba de regressar ao assunto, dando nota de que o país continua à espera de entrar formalmente no agregado europeu.

A Turquia espera que a União Europeia reconheça os seus erros e aprecie o valor que a adesão da Turquia ao bloco poderá agregar em termos de benefícios bilaterais, disse o ministro esta terça-feira.

“Nós vemo-nos como uma parte inseparável da Europa, com a qual compartilhamos 600 anos de laços históricos”, disse por seu lado o presidente Recep Erdogan num discurso ao vivo no passado domingo.

Dirigindo-se aos membros do seu partido )Partido da Justiça e Desenvolvimento), Erdogan apelou à União para manter as suas promessas, revelam os jornais turcos. “Estamos a pedir à União Europeia que crie um vínculo mais estreito connosco, para manter a sua promessa de adesão plena para a Turquia”, disse.

Para além de o assunto ter caído há muito das agendas dos líderes da União, as relações entre os dois blocos estão a passar por um período particularmente conturbado. A divergência sobre o Mediterrâneo Oriental ocupa as relações bilaterais há meses e têm afastado a Turquia de vários países europeus.

Não só da Grécia e de Chipre, mas também da Alemanha – que considera a hipótese de criação de sanções económicas contra Ancara – e com a França, país que Erdogan tem visado com especial dureza desde que o seu presidente, Emmanuel Macron, disse que uma das suas prioridades é a luta contra o Islão radical.

As declarações dos dois líderes turcos são, por isso, surpreendentes e merecerão com certeza uma posição oficial da União Europeia.

Em relação aos laços com os Estados Unidos, Çavusoglu disse que a Turquia fará o possível para aumentar os pontos de contacto entre os dois países. “Temos muito a oferecer, a partilhar com os Estados Unidos, que respeitam os interesses e preocupações de segurança nacional da Turquia”, disse Erdogan por seu turno.