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Um acordo para “norte-americano ver”

Trump reforçou a cautela, dando a entender que uma redução, ou mesmo anulação, das tarifas existentes só terá lugar depois de uma segunda fase do acordo ter sido alcançada.
16 Janeiro 2020, 11h55

Depois de mais de um ano de mais recuos que avanços no tema da guerra comercial, ontem as duas maiores economias do mundo colocaram alguma ordem no conflito ao assinar um acordo parcial que pouco mais vai além que congelar a situação, reduzindo as fricções no curto prazo mas sem grandes perspectivas de um desfecho positivo no médio prazo.

Isto porque das intenções aos actos vai um longo caminho a percorrer, com a implementação efectiva dos compromissos a ser a principal pedra no sapato, nomeadamente por parte da China, não apenas no que diz respeito aos montantes acordados de compras de produtos e serviços aos EUA, que são mais $200 biliões em dois anos, mas igualmente no cumprimento da promessa da China em castigar os roubos de propriedade intelectual de empresas chinesas a empresas norte-americanas.

Aliás, o tema do “enforcing” sempre foi um dos calcanhares de Aquiles na resolução da quezília, sendo de realçar as palavras do representante para o Comércio dos EUA, que deu conta que agora o ênfase será dado particularmente à fiscalização, enquanto Trump reforçou a cautela, dando a entender que uma redução, ou mesmo anulação, das tarifas existentes só terá lugar depois de uma segunda fase do acordo ter sido alcançada. Uma etapa onde estará sem dúvida como ponto de ordem a questão da propriedade intelectual, bem como um acesso mais livre das empresas dos EUA ao mercado chinês.

Um sector que aparenta sair já como vencedor é o dos serviços financeiros de crédito, empresas como a Visa, Mastercard e American Express, que segundo o acordado não deverão ver os seus pedidos de entrada no mercado chinês demorarem mais de 90 dias, uma porta que abre o acesso a $27 triliões transaccionados no sector chinês dos pagamentos electrónicos.

Curiosamente um dos sectores que mais beneficia com o amenizar das relações comerciais entre os dois países, o dos semicondutores, perdeu ontem -1.06% tendo em conta que a situação destas empresas pouco ou nada vai melhorar, tendo o último desenvolvimento sido inclusivamente prejudicial, com a perspectiva de maiores restrições nas vendas de produtos e serviços à gigante Huawei.

Nas matérias-primas o dia também não correu como seria de esperar uma vez que o preço da soja e do algodão recuaram -1,4% e -1,5% respectivamente, não obstante serem produtos que a China se comprometeu a comprar em maior quantidade aos produtores norte-americanos, contudo o cepticismo reina entre os analistas dado que não ficou claro como é que o país asiático vai efectuar as compras, nem se vai levantar as tarifas que tinha imposto a alguns produtos agrícolas, ou seja o sentimento chave por agora é de esperar para ver.

O mesmo acontece com o WTI crude e gás natural, que recuaram -0,7% e -3,1% respectivamente, mesmo depois de ter sido acordado que a segunda maior economia mundial irá importar mais $52 biliões de produtos energéticos dos EUA.

O gráfico de hoje é da Soja, o time-frame é diário.

 

 

Depois de ter feito um duplo topo na antecipação à assinatura do acordo comercial entre EUA e China, o preço da Soja está agora a corrigir sendo possível o teste da linha a laranja, fechando mais um GAP.

 

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