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Um advogado na liderança da Fed? Há quarenta anos foi “um desastre”

Tal como o próximo presidente da Fed, William Miller era advogado numa época de inflação e desemprego elevados nos Estados Unidos. O resultado foi um autêntico desastre. As qualificações de Jerome Powell serão um problema?
29 Novembro 2017, 07h15

Jerome Powell, que foi esta terça-feira ouvido no Senado na categoria de nomeado para próximo presidente da Reserva Federal norte-americana, será o primeiro não-economista a ocupar o cargo em quase 40 anos. Apesar de ser visto como um candidato de continuidade, o presságio não é melhor se se avaliar somente a experiência da última vez em que um advogado liderou a Fed.

Tal como Powell, o presidente da Fed entre 1979 e 1981, era advogado. Na altura, G. William Miller não conseguiu alcançar o mandato duplo do banco central, ou seja, nem máximo emprego, nem uma inflação próxima de 2%.

“O último presidente da Fed não economista, William Miller (1971-81), foi um desastre, associado a um período de inflação e desemprego elevados”, escreveu a economista Allison Schrager, num artigo para a revista Quartz.

“Dito isto, as qualificações necessário para a presidência da Fed não são fixas”, sublinhou. “Nesta altura, o presidente da Fed ideal deve ser capaz de equilibrar crescimento económico a curto e a longo prazo, ao mesmo tempo que mantém a credibilidade e independência da Fed. Numa era que desacredita especializações, um PhD pode não ser necessário para alcançar estes objetivos”, defendeu Schrager.

A economista lembrou ainda que na história do banco central há vários outros presidentes que também não eram economistas. No entanto, as qualificações típicas para o lugar foram mudando ao longo do tempo, acompanhando as alterações nos mercados e na filosofia associada à política monetária, bem como adaptando-se ao aumento da globalização e da volatilidade do sistema financeiro na era pós-guerra e pós-Bretton Woods.

O principal desafio de Powell será tentar manter a autonomia do banco central, enquanto lida com uma administração que lhe poderá querer limitar os poderes. Em termos de política monetária, terá de conjugar a necessidade de continuar o rumo da inversão com as expetativas dos mercados, num contexto no qual a subida da inflação deverá permanecer teimosamente lenta.

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