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Um Governo sem laços de família, mas com dois amigos, muitos velhos conhecidos e estrelas ascendentes

No XXII Governo Constitucional continuam dois grandes amigos do primeiro-ministro e quase todas as caras que se habituou a encontrar no Conselho de Ministros. Mas no meio da aposta na continuidade, com 14 ministros a transitarem do executivo anterior, salienta-se a ascensão das novas ministras Alexandra Leitão e Ana Mendes Godinho ou do novo secretário de Estado André Caldas.
  • António Costa/Twitter
16 Outubro 2019, 07h50

Desta vez não haverá pai e filha (ou marido e mulher) no Conselho de Ministros, pois Vieira da Silva e Ana Paula Vitorino são dois dos três ministros do XXI Governo Constitucional que não tomarão posse na próxima semana (além dos titulares das pastas do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Mar, só deixará o Executivo o ministro da Agricultura, Capoulas Santos), mas o XXII Governo Constitucional que António Costa apresentou ao Presidente da República ao final da tarde de terça-feira, nove dias após as eleições legislativas que o PS venceu sem maioria absoluta, assume a aposta na continuidade, mantendo 14 ministros, com poucas ou nenhumas alterações nas tutelas, e acrescentando apenas cinco caras novas, três das quais já eram secretárias de Estado.

Confirmou-se a vontade de António Costa fazer subir a ministro de Estado o titular das Finanças, Mário Centeno, mas o “Ronaldo do Eurogrupo” vê-se acompanhado em tal estatuto por mais três colegas: Mariana Vieira da Silva, que continuará ministra da Presidência (agora sem a Modernização Administrativa); Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros; e Pedro Siza Vieira, que de ministro-adjunto e da Economia passa a ministro da Economia e da Transição Digital. Será, pelo menos formalmente, o número dois do Executivo liderado pelo seu amigo de longa data, que também mantém na Administração Interna Eduardo Cabrita, muito próximo desde os tempos da Faculdade de Direito de Lisboa.

Entre os restantes ministros que permanecem em funções houve algumas surpresas, como a manutenção de Francisca Van Dunem na Justiça e de Manuel Heitor na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mas o certo é que tanto os governantes que não enfrentam grandes focos de contestação – como João Gomes Cravinho, na Defesa; Nelson Souza, no Planeamento; ou Pedro Nuno Santos, nas Infraestruturas e Habitação, após ter sido o negociador da “geringonça” na anterior legislatura – como os mais polémicos Tiago Brandão Rodrigues (Educação), Marta Temido (Saúde) e Graça Fonseca (Cultura) continuarão a encontrar-se todas as semanas no Conselho de Ministros, tal como Matos Fernandes, que deixa de ser ministro do Ambiente e da Transição Energética e passa a ministro do Ambiente e da Ação Climática, simbolizando uma das duas novas apostas de António Costa, sendo a outra a Transição Digital.

Olhando para as novidades no Executivo sobressai o reforço do peso das mulheres, com quatro novas ministras (passam a oito), das quais só uma não foi “recrutada” no XXI Governo Constitucional. Trata-se de Ana Abrunhosa, que passa da presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro para o novo Ministério da Coesão Territorial, enquanto Alexandra Leitão (ex-secretária de Estado adjunta e da Educação) passa a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Ana Mendes Godinho troca a Secretaria de Estado do Turismo pela “megapasta” do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Maria do Céu Albuquerque deixa de ser secretária de Estado do Desenvolvimento Regional e torna-se ministra da Agricultura. Por último, o ex-eurodeputado socialista Ricardo Serrão Santos substitui Ana Paula Vitorino no Ministério do Mar.

Também já garantidas estão as permanências de Duarte Cordeiro, que continua secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares numa conjuntura em que a Assembleia da República deverá ser um terreno mais acidentado para o Executivo minoritário socialista, e de Tiago Antunes, agora secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro após ter sido o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Para esse cargo foi apontado o até agora presidente da Opart, André Moz Caldas, jurista que se destacou enquanto chefe de gabinete de Mário Centeno após um fulgurante carreira autárquica na capital, onde conquistou a Junta de Freguesia de Alvalade, tradicional bastião da direita lisboeta.

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