[weglot_switcher]

Um janeiro ótimo depois de um dezembro péssimo

Em apenas três semanas, as bolsas já registam ganhos que não ficariam mal se fossem o resultado no final do ano.
  • U.S. federal government employees, contract workers and other demonstrators march Jan. 10 during a “Rally to End the Shutdown” in Washington. (CNS photo/Carlos Barria, Reuters)
25 Janeiro 2019, 08h35

Como referíamos há duas semanas, havia uma boa probabilidade de o “efeito janeiro” aparecer em 2019 e assim está a acontecer. A tese principal para explicar as subidas em janeiro é de que os investidores vendem ações em que estejam a perder antes do final do ano para realizar créditos fiscais, reentrando no mercado no mês seguinte. Essa situação está a concretizar-se porque em 2018 as ações estabeleceram máximos, para depois recuarem rapidamente, pelo que as carteiras teriam potencialmente um misto de posições ganhadoras e perdedoras.

É relativamente simples fazer um pequeno resumo das variações das últimas semanas: quase tudo em alta. Desde o início do ano, Nova Iorque acumula ganhos de 5%, assim como o DAX e o MSCI World. O PSI 20, o IBEX e o MIB italiano destacam-se em alta na Europa, avançando já cerca de 7%.

A evolução dos mercados não se faz apenas à boleia da contabilidade fiscal e muito do pessimismo do último trimestre relacionava-se com os riscos de uma desaceleração económica pronunciada em 2019, seja devido a uma série de riscos como a guerra comercial, a paralisação federal nos EUA, o Brexit ou “apenas” devido à dinâmica do ciclo económico. Quer os bancos centrais, quer o FMI, reconhecem que a desaceleração não é só um risco – é quase uma certeza. O que ainda não está a ser admitido é a possibilidade de uma recessão, que alguns analistas dizem que poderá ocorrer caso os riscos se materializem. A questão que todos colocam é se estamos perante uma inversão do ciclo negativo nas bolsas ou perante apenas uma correção às quedas expressivas do final de 2018.

Do que se tem conhecido em termos de divulgação de resultados, parece evidente que o 4º trimestre de 2018 continuou a ser positivo, com a IBM a ser um bom exemplo. O problema reside na queda nos earnings que se vai telegrafando para 2019 em várias empresas e setores. Prestes a fazer 15 anos em bolsa, as ações do Facebook têm-se comportado de forma algo errática. Há receios que a empresa venha a ser alvo de uma multa de grandes dimensões e há grupos de advogados a tentar exigir ao poder público que desmantele o Facebook devido às questões de privacidade. A empresa tem tentado mostrar-se disponível a responder a algumas exigências e tem até comprometido parcialmente as suas receitas ao alterar alguns processos.

O PSI 20 tem registado um ótimo comportamento neste início do ano, com todos os constituintes “no verde”, o que também não é muito frequente e reforça a tese de que se trata apenas de uma correção às quedas. O grande destaque vai para o retalho, com as ações da Jerónimo Martins a valorizarem já bem mais de 20%, e as da Sonae em alta de 17%. Ambas as empresas anunciaram vendas acima do esperado em 2018, com o 4º trimestre muito positivo. Mas a empresa que mais sobe no PSI 20 em 2019 é a Mota Engil, já com 22% de valorização. Só na sessão de quinta-feira, a cotação subiu quase 12% depois de a construtura ter confirmado que a sua carteira de encomendas em Angola deverá ultrapassar os 800 milhões de euros. O fim da dupla tributação entre Angola e Portugal também ajudou a cotada a atingir máximos de setembro do ano passado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.