[weglot_switcher]

“Um líder não pode ser um eucalipto. Tem de ter a capacidade de gerar novos líderes”, defende presidente do Instituto Politécnico de Setúbal

A capacidade de comunicar e a confiança dos colaboradores são as traves-mestras de uma boa liderança.
16 Junho 2020, 07h52

A era digital promoveu um novo padrão de comportamento nas relações profissionais e motivou uma profunda transformação no mercado de trabalho. Contudo, “um líder não pode ser um eucalipto, não pode secar tudo à sua volta. Tem de ter a capacidade de gerar novos líderes e novas competências”, como explica ao Jornal Económico (JE) Pedro Dominguinhos, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal.

A capacidade para desempenhar esta função é algo que, segundo o também presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, se constrói e depende da experiência a que estamos sujeitos. “Não acredito ser possível gerir da mesma forma uma fábrica de sapatos e uma escola”, sublinha.

Não descurando a relevância das competências técnicas, Pedro Dominguinhos acredita que “o tempo que estamos a viver veio demonstrar a importância de um conjunto de competências comportamentais, sobretudo na capacidade de gerir momentos ‘stressantes’ que nos vieram pôr à prova”.

A gestão de pessoas ocupa um papel central na função desempenhada pelo líder na organização, o que faz com que as competências comunicativas sejam fundamentais. “Não consigo gerir pessoas só com conhecimento tecnológico, e um líder tem de gerir pessoas, tem de envolver pessoas”, recorda Pedro Dominguinhos. “Há competências técnicas inerentes à função de liderança que são essenciais, mas diria que são mais fáceis de obter”, completa.

As capacidades comunicativas são fundamentais para o sucesso da empresa e a habilidade de harmonizar tem de estar integrada nesta característica. “Um líder é alguém rico em humanidade, é alguém que harmoniza na sua personalidade a competência profissional, o sentido de oportunidade, um bom relacionamento interpessoal e uma sólida e coerente estrutura de valores”, explica José Fonseca Pires, professor de Fator Humano na Organização e Diretor da AESE Business School, ao JE.

A confiança é crucial para que exista um bom relacionamento interpessoal. Quem o diz ao JE é Sílvia Nunes, diretora da consultora Michael Page: “o líder tem de conseguir gerar confiança. Estamos a falar de uma liderança muito mais próxima dos colaboradores, o que faz com que as organizações sejam menos verticais do que há uns anos”.

“O CEO é também uma pessoa capaz de manter forte a cultura interna da organização, uma cultura organizacional que exista, mas consiga ser sentida e vivida pelos colaboradores. Assim, o líder gera uma equipa coesa e comprometida”, diz a diretora da Michael Page. Esta equipa unida e devota “somará às competências técnicas que o líder não tenha dominado”, tendo em conta que o gestor da empresa nunca poderá reter todo o conhecimento necessário para responder às necessidades dos diferentes setores da organização.

 

‘Millenialls’, a geração ágil
Os desafios de quem está à frente de uma empresa estão constantemente a mudar e, mais recentemente, com a chegada da pandemia Covid-19, os problemas das organizações passaram a ser outros. Das novas necessidades surgem também novos tipos de liderança. O Presidente do Instituto Politécnico de Setúbal acredita que da geração Y vão surgir líderes diferentes, porque vivemos numa “sociedade mais colaborativa” e relembra ainda que “vamos ter pela primeira vez no mercado uma geração que, no espaço de dez anos, passou por duas crises brutais, que são os Millenials”.

Uma das mudanças com que os líderes Millenial vão ter de lídar é a questão do teletrabalho, que “veio para ficar”, prevê Pedro Dominguinhos.

“A maioria percebeu que consegue ter níveis de produtividade semelhantes ou superiores estando em casa. Vamos ter de facilitar às pessoas a capacidade para gerirem o seu tempo entre presença no escritório e em casa”
Uma maior agilidade e flexibilidade serão outros atributos essenciais nos quais os líderes têm de se focar, “principalmente com a situação atual”, diz Sílvia Nunes.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.