1. Ouvir José Miguel Júdice na RTP a explicar o comportamento do Presidente de todos nós permitiu entender a ansiedade de estar junto do povo. Marcelo Rebelo de Sousa tem sido ridicularizado nas redes sociais desde que fez o famoso telefonema para o programa de entretenimento de Cristina Ferreira e, hoje, não há “gato pingado” que não espere um telefonema de Marcelo, que tanto pode ser para dar os parabéns, como para lamentar perdas ou enxugar lágrimas.

Júdice explicou que Marcelo faz tudo de forma genuína porque quer ser popular, mas essa popularidade, dizemos nós, é um “animal insaciável” e quanto mais popularidade se dá, mais popularidade se exige. Marcelo gosta do que faz e tem necessidade que gostem dele mas, convenhamos, esta é uma estratégia que lhe sairá cara. Nenhum português quer a função presidencial desqualificada e muito menos banalizada. Pelo contrário, quer sobriedade e credibilidade.

O tema das propinas no ensino superior é o mais recente caso e o ponto quente nem sequer é a opção, e muito menos a mudança de posição em 20 anos. O que mais faltava era que não se pudesse mudar de opinião. O tema é a explicação de Marcelo como cidadão e como Presidente! Isto é um alerta. A instituição Presidência da República arrisca ficar fragilizada e perder parte do respeito e isso não podemos tolerar. Ainda hoje nos questionamos se não estaremos a viver uma fake news!

2. Uma nota relevante para o anúncio de empreitadas de obras públicas às toneladas e às centenas de milhões de euros. Estamos em ano eleitoral, mas depois dos pensionistas, professores e funcionários públicos é tempo de “vacas gordas” no metropolitano, na CP e no aeroporto do Montijo? E logo tudo em Lisboa? E como ficará o Porto? Os autarcas terão de se insurgir perante um Governo que promete só para alguns.

E já agora, qual é a história do impacto ambiental no Montijo? Será que quando o PM António Costa diz que não haverá Montijo sem as devidas aprovações, terá a certeza absoluta de que tudo irá passar a nível ambiental, ou será uma desresponsabilização perante um projeto necessário a bem do turismo nacional? As declarações que apareceram desgarradas do contexto na comunicação social são, ainda assim, graves. Ou estaremos perante novas fake news?

É preciso explicar que o cidadão contribuinte irá pagar tudo no curto, médio e longo prazo. Ninguém paga nada a ninguém, apenas se transferem as obrigações ao longo de gerações. Recorde-se que entrámos num ciclo económico de desaceleração e que Portugal vai cair mais do que a maioria dos países europeus. O motor do turismo está a abrandar, as exportações caíram no final do ano devido a conflitos laborais e o imobiliário que tem puxado pelas empresas é conjuntural e decorre em muito da vontade política em manter isento de impostos os reformados europeus. As regalias não vão durar sempre.