A economia americana confirmou as expetativas e cresceu acima de 4%, em termos anualizados, no segundo trimestre deste ano. É o mais forte ritmo de crescimento desde 2014 e levou a que, sobre um ano, os EUA estejam a crescer a 2,8%. Na mesma ocasião, o crescimento no primeiro trimestre, também anualizado, foi revisto de 2% para 2,2%.

Para o Presidente Trump foi mais um sinal de vitória das suas políticas (o TTS – Trade, Tax and Spending) e, em especial, do choque fiscal e da guerra comercial. Com efeito, as exportações aumentaram 9,3%, devido em grande parte às importações de soja pela China, em antecipação da entrada em vigor das novas tarifas. Mas também a procura interna foi muito dinâmica. Como o Presidente declarou, entusiasmado: “We’re going to go a lot higher than these numbers – and these are great numbers.” Não é para menos, pois aproximam-se as eleições de meio de mandato, e com números destes as hipóteses dos republicanos não perderem aumentam. Os próximos números sobre a economia sairão no final de outubro, demasiado em cima das eleições para terem efeitos.

A generalidade dos economistas não está, no entanto, de acordo com o Presidente sobre a sustentabilidade deste crescimento, acreditando antes que vai haver um abrandamento importante no segundo semestre. Com efeito, entre os fatores de crescimento tudo aponta para uma inversão de tendência. No comércio externo, acabou o comportamento de antecipação das tarifas na exportação; quanto à política orçamental, o défice orçamental no primeiro semestre foi já de 3,8% do PIB; no tocante ao consumo privado, que aumentou 4% (a taxa de poupança caiu de 7,3% para 6,8%), impulsionado em parte pelos ganhos nos mercados de capitais, os anunciados – e agora mais prováveis – aumentos da taxa de juro se encarregarão de fazer cair as cotações em Wall Street.

Pouco importa. Trump pensa a curto prazo, e enquanto puder escrever tweets com boas novas ou fake news em que alguém acredite, o carpe diem presidencial paga.  Aliás, com estes números é menos provável que tenha uma recessão em fim de mandato como alguns previam, portanto poderá fazer os seus “números” mais tempo – 2020 vai ser um ano importante para o mundo. Uma sombra no horizonte: a FED, que tem ainda duas subidas de juros programadas para este ano e três para o próximo. Sobre a segunda subida este ano, para 2%, o Presidente criticou a Reserva Federal: não está satisfeito com a política monetária e “couldn’t care less what they say”.

Subir juros implica a apreciação do dólar, o que contraria a sua política de aumentar tarifas. Portanto, agora que a economia cresce bem, se a política fiscal ou a guerra comercial falharem ou a bolsa cair, vão começar os tweets sobre o evil of higher rates e a culpa vai ser da FED. Ou seja, Powell arrisca-se a ser o bode expiatório de serviço.