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União Europeia precisa de uma “discussão sobre uma reforma fiscal”, defende diretora do International Trade Center

Em entrevista ao Jornal Económico, Arancha Gonzalez, diretora do International Trade Center (ITC), critica a forma como as reformas foram impostas durante a crise económica em países do sul da Europa, como Portugal.
7 Novembro 2017, 12h58

A diretora do International Trade Center, Arancha Gonzalez, abrilhanta hoje na Web Summit o painel “Free trade isn´t free: A revised trade consensos”. Em entrevista ao Jornal Económico, a especialista em comércio internacional que pelo caminho trabalhou vários anos na Comissão Europeia, defende a importância das reformas implementadas durante a crise económica em países europeus como Portugal e Espanha, mas critica a imposição do período.

Qual é o papel do International Trade Center no fomento do comércio?

Somos uma agência de desenvolvimento da ONU e da Organização International de Comércio, que defende a utilização do comércio internacional como caminho para diminuir a pobreza no mundo e gerar crescimento. Acreditamos na força do comércio internacional mas pensamos que deve ser utilizado para resolver os problemas das populações. Por exemplo, apoiamos PME’s para participar no comércio internacional e cerca de 80% da nossa ação é em países em desenvolvimento.

A globalização económica e o comércio livre não beneficiam todos os países e todos os grupos de igual forma. Como é que se pode minimizar estas desigualdades?

O paradoxo do comércio internacional é que o comércio é responsável por ter impactos diretos positivos como o crescimento, o emprego e o que acaba por não se compreender é que este comércio é uma ferramenta, um caminho, que necessita de ser colocado em conjunto com outras ferramentas. É preciso uma caixa de ferramentas e nesta caixa é necessário o comércio livre, que estimula a competição interna, mas também outros aspectos como educação, inovação, investigação e desenvolvimento. É preciso boas infra-estruturas, porque se existe um bom produto mas os custos de transportar o produto de um país para o outro são demasiados tem um grande impacto. Também é necessário boas políticas de fiscais. Se as políticas fiscais favorecem as grandes empresas mas não as pequenas…. O que aconteceu nos últimos anos em muitos países, não em todos, mas em muitos, é que muita atenção foi dada ao comércio livre e aos obstáculos mas não foi dada atenção suficiente a outras políticas internas que fariam uma boa utilização desta abertura de mercado. O resultado disso é a desigualdade de distribuição dos benefícios deste crescimento, com estes benefícios a serem desproporcionalmente dirigidos para 1% da população.

Defendeu a importância de políticas fiscais adequadas. Pensa que a União Europeia necessita de uma reforma fiscal?

A UE tem feito um bom caminho para criar condições em algumas áreas, das quais o comércio internacional é um bom exemplo. Tem avançado muito na integração monetária mas muito menos na integração financeira e isto requer claro uma discussão sobre uma reforma fiscal. No final do dia, temos que encontrar o equilíbrio entre competição e equidade. A competição sem justiça não produz benefícios para todos, simplesmente acumula benefícios para alguns.

Leia a entrevista completa na Newsletter do Jornal Económico dedicada ao Web Summit.

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