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Ursula von der Leyen hoje em Londres para ‘queimar etapas’

A presidente da Comissão Europeia está na capital britânica para tentar acertar o foco entre a União e Boris Johnson para que as negociações que se seguem não sejam um imenso problema.
8 Janeiro 2020, 07h50

O mínimo que se pode dizer é que as negociações entre a União Europeia e o Reino Unido numa fase pós-Brexit não serão fáceis – até porque nenhuma das partes parece interessada em mostrar-se aberta a grandes concessões depois de três anos e meio de grande desgaste negocial.

É por isso que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está hoje em Londres para se encontrar com o primeiro-ministro Boris Johnson, na tentativa de ‘queimar etapas’ para as negociações – não vão elas cair em sucessivos impasses e discursos gongóricos que só serviriam para atrasar o desenvolvimento de relações normais entre todos.

A posição negocial de abertura da União sobre o futuro relacionamento carecerá de pormenorização detalhada para evitar um conflito precoce com Boris Johnson. Nesse sentido, espera-se que a presidente da Comissão  discuta as perspectivas das próximas negociações e coloque em evidência o foco comum por trás delas.

A ex-ministra alemã da Defesa fará um discurso intitulado ‘Velhos amigos, um novo começo’ na ‘sua’ antiga universidade, a London School of Economics, antes de se encontrar com o primeiro-ministro em Downing Street.

Fontes próximas a Von der Leyen citadas pelo jornal ‘The Guardian’ disseram que von der Leyen tentaria esboçar em privado as possíveis armadilhas nos 11 meses que Johnson estabeleceu como o prazo dentro do qual pretende chegar a um acordo abrangente com a União.

Do lado da União, o encontro entre os dois é encarado como uma a primeira de uma série de iniciativas destinadas a remover escolhos das negociações do Brexit, na tentativa de evitar a repetição da imensa carga conflitual dos últimos três anos e meio.

“Não queremos fazer essas negociações em público, isso é certo”, disse um alto funcionário da União citado pelo mesmo jornal britânico. Mas alguma coisa já se foi sabendo: quando a posição de negociação da União for revelada em forma de rascunho (no início de fevereiro e antes da sua adoção formal pelos 27 numa reunião de ministros em 25 de fevereiro), conterá apenas princípios e abster-se-á de ir ao pormenor. É mais uma tentativa, diz o agregado dos 27, de não bloquear à partida qualquer dos difíceis dossiês que se encontrarão a partir daí em cima da mesa.

Johnson já disse que o Reino Unido não alinhará com as regras da União a qualquer custo após o Brexit, mas ambas as partes sabem que o que está em debate (pelo menos em sonho) é um quadro de um acordo comercial de tarifa zero e cotas zero. Para além destas, fiscalidade, defesa do ambiente, leis laborais fazem parte do topo do caderno de encargos que começará a ser discutido pelas duas partes a partir de Março.

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