[weglot_switcher]

Varsóvia: a outra celebração do armistício

Vários partidos da ultra-direita europeia concentraram-se em Varsóvia, capital da Polónia, para comemorar os 100 anos da independência do país e vociferar contra a União Europeia.
12 Novembro 2018, 09h10

Ao mesmo tempo que em Paris os principais líderes mundiais celebravam a assinatura do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial, em Varsóvia, capital da Polónia, vários grupos da ultra-direita europeia organizaram uma manifestação de apoio ao regresso dos nacionalismos. Uma das consequências do armistício foi o regresso da Polónia à condição de nação independente europeia, depois de mais de 100 anos retalhada entre os impérios russo, austro-húngaro e prussiano – e há vários que os ultras polacos celebram a data, com o recurso a temas nacionalistas e conservadores católicos. A União Europeia foi, ao longo do dia, um dos principais alvos das críticas dos manifestantes.

Este ano, os organizadores quiseram acrescentar uma vertente mais internacionalista, pelo que fizeram convergir para Varsóvia várias organizações da ultra-direita nacionalista, vindas dos países limítrofes, mas também, por exemplo, de Itália. Foram cerca de 200 mil pessoas que se passearam pelas ruas da capital polaca, apesar de Hanna Gronkiewicz-Waltz, responsável da autarquia local, ter tentado despromover a realização da manifestação.

Membro da Plataforma Cívica, partido de oposição ao regime nacionalista de Mateusz Morawiecki, Hanna Gronkiewicz-Waltz disse que “Varsóvia já sofreu o suficiente com o nacionalismo agressivo”, mas um tribunal rejeitou a proibição. O governo do PiS reagiu no mesmo dia e anunciou que seria o executivo a organizar a marcha, que assim passaria a representar todos os polacos.

As autoridades do governo pediram aos grupos de ultra-direita que abandonassem proclamações xenófobas se quisessem participar no evento

Um dos momentos mais tensos do dia aconteceu quando os ultras começaram a insultar e a atirar foguetes contra um grupo de 200 pessoas do movimento cívico Obywatele RP (Os cidadãos da República), que empunhavam, entre outras, bandeiras da Polónia e da União Europeia.

Fortemente vigiados pela polícia, um dos manifestantes, citado pelos jornais polacos, disse que “defendemos a Constituição, esses radicais não vão destruir-nos”, disse Pawel Kasprzak, porta-voz da organização. Por seu turno, Anne Applebaum, que recebeu o Prémio Pulitzer 2004 pelo seu livro ‘Gulag: história dos campos da concentração soviética’, presente na contra-manifestação, afirmou que “o governo polaco está muito polarizada, dividir as pessoas entre aqueles que são patriotas e aqueles que não o são está a causar uma clivagem profunda”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.