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Vendas de vinho do Porto quebram tendência negativa e crescem em 2019

No Dia Internacional do Vinho do Porto, Luís Sequeira, diretor geral da Heritage Wines, uma das maiores casas nacionais de vinho do Porto, concede uma entrevista exclusiva ao Jornal Económico, em que revela um aumento de vendas de 2,7% em valor e de 1,5% em volume no ano passado.
27 Janeiro 2020, 17h43

Hoje, dia 27 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional do Vinho do Porto. A The Fladgate Patnership é um dos maiores ‘players’ neste setor, detendo marcas como a Fonseca, Krohn, Croft ou Taylor’s e contando com a distribuidora Heritage Wines para fazer chegar estes vinhos aos clientes finais em qualquer parte do mundo.

A Fladgate gere ainda o Yeatman Hotel, em Gaia; o Hotel Infante Sagres, no Porto; e o Vintage House Hotel, no Pinhão.

A empresa tem em curso um investimento superior a 100 milhões de euros para disponibilizar ao público o WOW – World of Wine, um espaço museológico interativo com cinco áreas diferentes de exposição – experiência do vinho, experiência da cortiça, experiência de ‘design’/moda, espaço dedicado à cidade do Porto e à região norte do país e um quinto espaço sobre a evolução histórica do copo.

Este espaço de promoção do vinho do Porto vai reaproveitar uma área de cerca de 30 mil metros quadrados de antigos armazéns pertencentes à The Fladgate Partnership em Gaia. Além dos cinco espaços museológicos interativos, este projeto incluirá 12 restaurantes e bares, uma ‘wine school’, espaços de exposições, eventos e lojas de artesanato.

O WOW deverá inaugurar em junho próximo e espera-se que tenha mais de 500 mil visitantes por ano.

Além destes ativos e projetos, a The Fladgate Partnership detém ainda 500 hectares de vinha própria no Douro.

A Heritage Wines distribui as referidas marcas de vinho do Porto; vinho do Douro, de mesa (Quinta do Crasto, Tapada de Coelheiros); champanhe (Bollinger), espumante (Vértice) e até azeite.

Sobre a evolução das vendas de vinho do Porto, Luís Sequeira, diretor geral da Heritage Wines, em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, adverte que “há uma corrente perspetiva negativa do sector, enfatizando a quebra de volume global registada nos últimos anos (apesar do ano 2019 ter verificado um crescimento, em valor e volume)”.

“Esta quebra em quantidade tem sido conduzida pela perda de volumes, sobretudo dos chamados BOB (‘Buyers Own Brands’), em mercados como Bélgica e França; na verdade, com o aumento de preços que se verificou na última década, a comercialização destes vinhos mais baratos sofreu uma erosão. Todavia, as vendas das categorias superiores, mais seguras porquanto não dependentes de preços baixos, tem crescido a um ritmo seguro. Esta alteração é bastante positiva e deve ser enfatizada”, defende Luís Sequeira.

 

Em termos gerais, como têm evoluído as vendas de vinho do Porto nos últimos anos, quer a nível nacional quer no que respeita aos mercados de exportação, quer em quantidade, quer em valor?
Nos últimos anos, observou-se uma evolução clara no setor do vinho do Porto com uma evidente “premiumização” aumentando as vendas de categorias especiais em detrimento dos vinhos correntes. Em 2019, esta tendência acentuou-se com um aumento global das vendas de 2,7% em valor e 1,5% em volume, sendo que em Portugal se observou um incremento de 1,9% e 1,5%, respetivamente em valor e volume.

Como tem sido a evolução das marcas comercializadas pela Fladgate Partnership, quer no mercado nacional, quer na vertente de exportações, quer em quantidade, quer em valor, e quais as expetativas para 2020 e anos seguintes?
As marcas da Fladgate Partnership têm alcançado um excelente resultado. A recente declaração do ‘vintage’ 2017 e 2016 revelou-se de enorme sucesso para as marcas Taylor’s, Fonseca e Croft em todo o mundo. A Taylor’s é uma marca global com uma presença em mais de 100 países, tendo reforçado a sua presença em Portugal através da dinamização das categorias especiais em diversos canais com uma muito eficaz afirmação no canal HORECA [Hotelaria, Restauração, Cafetaria]. A componente de ‘mixologia’ [utilização de vinho do Porto em ‘cocktails’] tem sido reforçada com Taylor’s Chip Dry e água tónica a afirmar-se no mercado, a Croft tem alcançado excelentes resultados com o ‘Pink’, demonstrando a enorme versatilidade do vinho do Porto.

A que é que se deve algum declínio das vendas de vinho do Porto em quantidade verificado nos últimos anos?
Como vimos acima, o setor do vinho do Porto tem acompanhado as novas tendências mundiais, observando-se um crescimento forte e constante das vendas de categorias especiais. Na verdade, o consumidor é cada vez mais exigente, optando pela qualidade em detrimento da quantidade. O setor do vinho do Porto está especialmente vocacionado para responder a esta tendência de forma muito eficaz. Por outro lado, há oportunidades que devem ser aproveitadas, pelo que a regulamentação deverá ser suficientemente flexível para permitir o acompanhamento de novas formas de chegar ao consumidor, não limitando a inovação, nem cerceando a capacidade de criação das empresas.

Como se pode redinamizar o setor em termos de vendas?
O vinho do Porto deve apostar na inovação, sendo importante que o enquadramento regulamentar se adapte às novas realidades, não impedindo as empresas de explorar todo o seu potencial. A nossa empresa tem sido responsável pela criação, com grande sucesso, de propostas que têm dinamizado as vendas de vinho do Porto como a criação de vinhos ‘Tawny’ muito velhos como o Taylor’s Scion (de 1855), ou o Taylor’s Colheita de 1863 que rasgaram novos horizontes, assim como edições limitadas da Fonseca e da Taylor’s que o mercado abraçou com enorme entusiasmo.

Há possibilidade de entrar em novos mercados de exportação e em novos segmentos de consumidores?
A nossa empresa tem sido precursora, apostando em abordagens inovadoras e uma presença global, explorando em permanência oportunidades de mercado.

 

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