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Vender animais por falta de alimento: como os pastores do Planalto Mirandês estão a reagir à seca

“Os pastores estão a vender, mais cedo que o habitual, os cordeiros, para evitar gastos acrescidos com os fatores de produção em consequência da seca”, revelou o responsável da Associação Nacional de Produtores Ovinos de Raça Churra Mirandesa.
14 Fevereiro 2018, 18h28

Os pastores do Planalto Mirandês estão a vender animais das explorações por falta de alimento, devido à seca que se faz sentir naquele território, para evitar gastos acrescidos, alertou hoje a associação de produtores ovinos de raça churra mirandesa.

“Os pastores estão a vender, mais cedo que o habitual, os cordeiros, para evitar gastos acrescidos com os fatores de produção em consequência da seca. Os pastores garantem-me que as ajudas que recebem não são suficiente para alimentar o gado”, disse hoje à Lusa a secretária técnica da Associação Nacional de Produtores Ovinos de Raça Churra Mirandesa, Andrea Cortinhas.

Para a técnica, a seca é mais “severa” nos concelhos do Planalto Mirandês, em relação a outros territórios de Trás-os-Montes.

“A orografia do Planalto Mirandês é categorizado pelos seus lameiros verdejantes. Contudo, se dermos uma volta pelo território, verificamos que estão quase tão secos como em setembro, o que leva à escassez de alimento para o gado ovino e outro”, observou.

Segundo a secretária técnica, já se está verificar um decréscimo do efetivo do animais inscritos no Livro Genealógico, que tem por fim assegurar a pureza da raça, concorrer para o seu progresso genético e favorecer a criação e difusão de bons reprodutores.

Desde de 2015 que o efetivo de ovinos de raça churra mirandesa tem vindo a diminuir, “tratando-se de uma espécie que está ameaçada de extinção”.

“Apesar das constantes previsões de chuvas e avisos para a queda de neve, verificamos que não há precipitação e os lameiros estão secos e as reservas de água estão muito em baixo para esta altura do ano. As forragens nos estábulos estão a esgotar, o que deixa os produtores apreensivos”, vincou Andrea Cortinhas.

Os pastores que estão integrados na Associação Nacional de Produtores Ovinos de Raça Churra Mirandesa já informaram aqueles serviços que os custos com os fatores de produção aumentaram cerca de 20% a 30%, face a 2017.

“Os pastores garantem-me que não se recordam de um ano com tão poucas reservas de alimento para os animais”, vincou.

O efetivo ronda as seis mil fêmeas reprodutoras que estão espalhadas pelos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, no distrito de Bragança.

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