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Venezuela oferece oxigénio ao Amazonas após emergência em hospitais

“É sempre uma honra poder dar uma mão ao povo irmão do Brasil, principalmente em momentos tão complexos. Para os bolivarianos, a solidariedade é um dever. Grande abraço”, acrescentou o ministro, em resposta ao governador Wilson Lima, que agradeceu a oferta de oxigénio.
  • HO/Reuters
15 Janeiro 2021, 08h48

O Governo venezuelano colocou “imediatamente à disposição” do estado brasileiro do Amazonas oxigénio para fazer face à situação de emergência nos hospitais da região, anunciaram fontes oficiais na noite de quinta-feira.

“Seguindo instruções do Presidente Nicolás Maduro, conversámos com o governador do estado do Amazonas, Wilson Lima, para disponibilizar imediatamente o oxigénio necessário para atender a contingência sanitária em Manaus [capital estadual do Amazonas]. Solidariedade latino-americana acima de tudo!”, anunciou na rede social Twitter o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Jorge Arreaza.

“É sempre uma honra poder dar uma mão ao povo irmão do Brasil, principalmente em momentos tão complexos. Para os bolivarianos, a solidariedade é um dever. Grande abraço”, acrescentou o ministro, em resposta ao governador Wilson Lima, que agradeceu a oferta de oxigénio.

A iniciativa do executivo venezuelano foi aplaudida pela oposição do atual Governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, um fervoroso crítico de Maduro.

“Bolsonaro ganhou a eleição atacando a Venezuela, país vizinho que sempre foi um importante parceiro económico. Agora, quem nos socorre, disponibilizando ajuda de emergência, numa das maiores crises de saúde que já vivemos? Estados Unidos? Israel? Não! A própria Venezuela”, disse no Twitter o médico e deputado federal do Partido dos Trabalhadores (PT) Alexandre Padilha.

O recrudescimento da pandemia em Manaus, capital do Amazonas, estado quase totalmente coberto pela floresta da Amazónia, agravou a situação dentro dos hospitais da região, que enfrentam graves problemas de abastecimento de oxigénio para tratar pacientes com covid-19.

O investigador Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Amazónia, afirmou que “não há mais oxigénio nos hospitais e alguns pacientes estão à beira da asfixia”.

“Acabou o oxigénio e os hospitais viraram câmaras de asfixia (…). Os pacientes que conseguirem sobreviver, além de tudo, devem ficar com sequelas cerebrais permanentes”, detalhou o investigador.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram as próprias famílias de pacientes a transportar para os hospitais tanques de oxigénio que adquiriram por conta própria.

Face à situação caótica nos hospitais daquela região, as autoridades locais decidiram transferir para outros estados centenas de pacientes infetados com o novo coronavírus.

Na noite de quinta-feira, o PT informou que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para exigir que o Governo brasileiro garanta oxigénio, mobilize a Força Nacional (polícias federais e agentes de segurança estaduais) para reforçar a segurança pública e envie médicos de outras regiões para atender a população de Manaus.

“É uma situação muito triste o que está a acontecer no estado do Amazonas, em Manaus. Um Governo irresponsável, genocida, que não toma as medidas mínimas para salvar vidas”, declarou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, justificando a ação entregue ao STF.

Também o deputado federal Delegado Pablo, do Partido Social Liberal (PSL), deu entrada, na quinta-feira, de um pedido de intervenção federal na saúde estadual do Amazonas.

Ao lado de Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu na quinta-feira que Manaus vive um colapso no atendimento de saúde e disse que seis aeronaves levarão oxigénio à região.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (207.095, em mais de 8,3 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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