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Vereador do Ambiente de Lisboa promete cidade com mais espaços verdes até final de 2021

Lisboa recebe no sábado o ‘testemunho’ de Oslo para ser a Capital Verde Europeia 2020, assumindo um conjunto de “compromissos credíveis” para os próximos anos que passarão pela ação do município, mas também por “pequenos gestos e pequenas coisas”.
10 Janeiro 2020, 08h17

“Todos nós podemos fazer mais, pequenos gestos, pequenas coisas, podemos fazer mais. Todos nós temos de fazer escolhas, é como se estivéssemos num labirinto e temos uma porta boa e uma porta má. Temos de ir pela porta boa, porque já não há maneira, se formos pela porta má isto vai piorar. Temos de escolher a porta boa”, disse à agência Lusa o vereador da Câmara Municipal de Lisboa responsável pelos pelouros do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia, José Sá Fernandes, numa antecipação da abertura oficial da programação da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, marcada para sábado.

Falando da atribuição da distinção como “um reconhecimento do trabalho que tem sido feito”, mas também pelos compromissos que a autarquia de Lisboa tem para o futuro, Sá Fernandes resistiu a destacar alguns deles, porque “as coisas não podem ser feitas isoladamente” e é preciso ter “uma visão geral da cidade”.

Contudo, o autarca acabou por eleger as áreas verdes, a água e as energias renováveis como três elementos em que “o caminho é ambicioso”, mas credível, antecipando que até 2030 a cidade terá nestas três áreas “uma muito boa performance”.

O verde da cidade foi, aliás, segundo Sá Fernandes, “uma peça fundamental” para Lisboa ganhar o prémio que até agora tinha distinguido “aquelas que são referência sempre que se fala de sustentabilidade e ambiente”, como Copenhaga, Estocolmo e Oslo.

“Finalmente há uma capital do Sul da Europa que ganhou. Não é por ser melhor, não é melhor que as outras, não é melhor que muitas outras. Mas, evoluiu muito nos últimos 12 anos nos parâmetros todos, nuns muito, noutros assim-assim, mas evoluiu”, salientou.

E, segundo o autarca, “o verde” é precisamente uma das áreas em que “praticamente está tudo feito” e, até ao final do próximo ano, mais de 90% dos munícipes terão a menos de 300 metros de casa um espaço verde com pelo menos dois mil metros quadrados, “o que numa cidade consolidada, antiga, é muito bom”.

“Vamos ter 350 hectares em área verde, estamos a falar de metade de Monsanto”, precisou, estimando que em 2022 “25% da cidade seja verde”.

Em relação à água, o autarca admitiu a necessidade de Lisboa começar “a pensar que é uma cidade do Sul da Europa” e que tem de se “preocupar com a escassez”.

Portanto, referiu, está a ser criado um sistema para a rega e lavagem das ruas com água reutilizada para que, em 2025, praticamente toda a cidade tenha “uma rede de água reutilizada”.

Quanto à energia, há que adaptar a cidade e aproveitar o sol para que exista energia renovável produzida localmente.

Nesse sentido, irá ser construída uma central fotovoltaica em Carnide para abastecer os autocarros elétricos da Carris e há um grande incentivo para duplicar o número de instalações de painéis fotovoltaicos em edifícios.

Apesar destes projetos, o vereador reconheceu que há problemas a resolver, nomeadamente ao nível dos transportes, apesar do “salto muito qualitativo” que foi dado com a criação do passe único, a utilização de bicicletas e os carros elétricos.

Agora, acrescentou, há também que esperar pelo arranque das obras do metro para se ter uma cidade “ainda mais abrangente” e apostar na ferrovia.

“Uma grande aposta que penso que é decisiva é a ferrovia, a que já existe e uma que tem de ser ligada – não compete à Câmara, mas tem de se ligar a linha de Cascais à linha de Cintura”, defendeu.

Ao nível do urbanismo e da construção, Sá Fernandes preconizou a erradicação da “pobreza energética” para existir “conforto nas casas”, considerando que os próximos 10 anos são decisivos para a “batalha” do aproveitamento energético e do conforto térmico das habitações.

“É um problema que não é só de Lisboa, é de todos os sítios, é um problema da construção civil – que materiais é que usamos e que materiais é que devemos usar”, disse.

Por outro lado, embora o Plano Diretor Municipal (PDM) aprovado em 2012 já preveja o Plano Verde e já não se construa em vales, há que fazer “uma adaptação em relação à previsível subida das águas” e “arranjar maneiras de evitar mais construções na frente ribeirinha” depois dos chamados “projetos especiais” da Fundação Champalimaud, do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, e do Terminal de Cruzeiros.

“Apesar de tudo, agora tem de se evitar que se faça mais coisas nessa frente ribeirinha, porque as pessoas também não querem, apoderaram-se do sítio”, salientou.

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