[weglot_switcher]

“Verificação de conteúdos que chegam é das tarefas mais difíceis das redações modernas” – Nuno Santos

“Há muitos mais produtores de conteúdos fora das redações do que jornalistas. E, é claro, cometem-se erros [nas redações], sobretudo em operações que existem debaixo de grande pressão. Por isso mesmo, às vezes quando ouço ‘é preciso dar rápido’ eu digo ‘calma, é preciso calma’”, sublinhou.
17 Outubro 2023, 12h40

O diretor de informação da TVI e diretor da CNN Portugal, Nuno Santos, afirmou hoje que a tarefa de verificação dos muitos conteúdos que chegam às redações, sobretudo imagens e vídeos, “é uma das mais difíceis tarefas” de uma redação nos tempos modernos. E, perante este fenómeno, aconselhou “calma” para pensar, porque “a quebra de confiança com um telespectador é mais prejudicial do que [verificar primeiro e] dar a notícia 10 minutos depois”.

Nuno Santos, que falava num dos painéis do Portugal Digital Summit, que decorre até quarta-feira, no Porto, começou por explicar que “quando julgamos que atingimos um limite há sempre um passo extra que se pode dar”.

“Chegam imensas imagens à redação e uma das tarefas mais difíceis é a da verificação desses conteúdos”, disse o diretor de informação da TVI, salientando que é um fenómeno potenciado pela Inteligência Artificial, “no ponto em que já está e onde vai chegar”.  

“Há muitos mais produtores de conteúdos fora das redações do que jornalistas. E, é claro, cometem-se erros [nas redações], sobretudo em operações que existem debaixo de grande pressão. Por isso mesmo, às vezes quando ouço ‘é preciso dar rápido’ eu digo ‘calma, é preciso calma’”, sublinhou. 

O racional de Nuno Santos é claro: uma fake news ou um erro grave que pode representar uma quebra de confiança [com o leitor ou o telespectador] é mais mais prejudicial do que chegar 10 minutos depois” dos outros.

Nuno Santos recordou que nunca, como agora, se produziram tantos conteúdos e nunca se consumiram tantos conteúdos, sejam eles séries, filmes, documentários e informação”. Mais uma fonte de pressão sobre as empresas que atuam nessas áreas.

“Eu tenho uns 35 anos neste sector e conheço poucos sectores de atividade que tenham mudado tanto neste tempo. Quando entrei pela primeira vez numa redação havia máquinas de escrever, não computadores, havia telexes e não telemóveis. Hoje uma equipa de televisão, com um ‘Video Reporter’ transmite daqui da Exponor ou da Faixa de Gaza em tempo real. E essa mudança foi muito rápida, porque só se passaram 30 e poucos anos”, completou.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.