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Veterinários querem integrar Proteção Civil e atuar em incêndios, sismos ou cheias

“O Governo não tinha condições porque também não tinha nada preparado em junho para fazer face a uma situação de catástrofe. Infelizmente, quando o país voltou a arder, em outubro, continuava a não ter nada preparado”, disse o bastonário da Ordem desta classe profissional, Jorge Cid.
12 Abril 2018, 07h53

Os médicos veterinários querem integrar a Proteção Civil para atuarem de forma coordenada e integrada com as autoridades nacionais em situações de catástrofe, sejam incêndios, sismos ou cheias.

Em vésperas de um congresso que juntará em Lisboa 1.500 veterinários, o bastonário da Ordem desta classe profissional, Jorge Cid, disse à agência Lusa que a proposta chegou a ser apresentada à anterior ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e ao Ministério da Agricultura, depois dos incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017.

Entretanto a ministra saiu, sob fortes críticas, o país voltou a arder e não houve mais reuniões sobre a matéria, afirmou o bastonário, que tenciona insistir na questão e defende a criação de um grupo de trabalho.

O tema da medicina veterinária de catástrofes será pela primeira vez abordado nos congressos destes clínicos, de acordo com Jorge Cid. “Não havia nada preparado para fazer face a uma catástrofe. No caso do ano passado, foi um incêndio, mas podia ser um tremor de terra, uma inundação, um ‘tsunami’”, exemplificou.

Os veterinários organizaram-se para salvar animais que tinham sobrevivido, ao nível de cuidados médicos e de alimentação, mas também para enterrar os que morreram.

“O Governo não tinha condições porque também não tinha nada preparado em junho para fazer face a uma situação de catástrofe. Infelizmente, quando o país voltou a arder, em outubro, continuava a não ter nada preparado”, criticou, frisando que a alimentação para os animais só ao fim de mais de uma semana começou a ser disponibilizada pelo Estado.

As populações pediam ajuda: “Os animais berravam com fome porque não tinham um grama para comer, houve sítios onde ardeu tudo, não havia uma erva”.

Se não fosse o trabalho de coordenação da Ordem e a atuação ‘pro bono’ dos veterinários, os animais que sobreviveram estavam “todos mortos”, considerou o bastonário. Milhares de animais domésticos morreram nos incêndios do ano passado. O número de animais selvagens é impossível contabilizar, garantiu o veterinário.

Para citar apenas alguns números, referiu que morreram 5.000 ovelhas só na região da Serra da Estrela. “Para não falar em aves, são dezenas de milhares de aves, o maior centro de incubação de ovos do país ardeu. Se formos a falar de ovos e pintos, enfim… estamos a falar de 500.000 ou mais, uma coisa brutal”, sublinhou.

“Oxalá nunca mais haja uma catástrofe deste género, mas, se houver, não pode ficar outra vez na boa vontade dos médicos veterinários ajudar toda a gente e mais alguém porque isto é uma missão do Governo”, disse o bastonário, acrescentando: “Estamos sempre dispostos a ajudar, mas de uma maneira coordenada, integrada, com alguma lógica e consciência”.

No 8.º EFOMV – Encontro Formação da Ordem dos Médicos Veterinários, que vai decorrer sábado e domingo, no Centro de Congressos de Lisboa, vai estar em discussão este tema, bem como questões relacionadas com a inspeção e segurança alimentar e o bem-estar na profissão, entre outras, a abordar em conferências e palestras.

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