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Vice da Comissão Europeia pede a ativistas que convençam governos a aceitar agricultura mais verde

O vice-presidente da Comissão Europeia afirmou hoje que os governos dos estados-membros são um dos principais obstáculos para virar a Política Agrícola Comum (PAC) no sentido dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu.
22 Maio 2020, 11h53

Numa conversa por teleconferência com jovens ativistas europeus do movimento Greve Climática Mundial, Frans Timmermans apelou-lhes para que pressionem os governos dos seus países a aceitar objetivos mais ecológicos na negociação das políticas agrícolas, reconhecendo que “serão necessárias reformas” na PAC.

O movimento Fridays for Future pediu hoje “um novo começo na construção da PAC” que garanta respostas do setor agrícola à crise climática, mas para Timmermans, começar de novo significaria “perder anos”.

“Falem com os vossos governos, muitas vezes são eles quem resiste e serão eles que terão que concordar. Estão relutantes [em aceitar políticas agrícolas mais consentâneas com o ambiente] por que receiam que seja um fardo demasiado pesado sobre os seus agricultores”, afirmou.

TImmermans admitiu que “a PAC não está alinhada com o Pacto Ecológico Europeu” e indicou que o Parlamento Europeu encarregou a Comissão de fazer propostas para a orientar nesse sentido.

Para o vice da Comissão Europeia, “há bastante espaço de manobra para reorientar a PAC, não é preciso uma proposta nova”.

Entre o que precisa de mudar estão os pagamentos diretos, que Timmermans indicou que “costumam ir para os grandes proprietários de terra e não para os agricultores”.

“Não chegam às pessoas que queremos”, referiu. Entre os desafios principais está que os estados-membros aceitem que “40 por cento do que se gasta na CAP seja dirigido para a agricultura sustentável”, como pretende a Comissão, apontou.

“Nisto, não poderemos falhar”, considerou, destacando que orientar a PAC para a sustentabilidade “não pode ser feito contra os agricultores”.

“Vai haver quem tente bloquear as reformas. Não podemos tornar isto uma luta entre quem está pelo ambiente e os agricultores, senão perdemos todos”, salientou.

Uma das provisões do Pacto Ecológico Europeu está a plantação de “três mil milhões de árvores, cujos guardiões terão que ser os agricultores”, referiu.

Com a pandemia da covid-19, “viver uma vida saudável e fazer uma alimentação saudável” ganha uma nova prioridade nas necessidades das pessoas, argumentou, e o mundo vai precisar de alimentar “10 mil milhões de pessoas”, o que torna imperioso apostar “na agricultura de precisão, com menos pesticidas, menos fertilizantes.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia adotou a “Estratégia da Biodiversidade”, com um financiamento de 20 mil milhões de euros por ano, e a “Estratégia do Prado ao Prato”, que contempla uma redução para metade da utilização e risco dos pesticidas.

Na carta divulgada hoje, quando se assinala o Dia Internacional da Biodiversidade, o Fridays For Futures sublinha: “Os políticos da UE têm que reconhecer que, por um lado, uma das grandes esperanças no combate à Crise Climática e no combate ao colapso da biodiversidade assenta na agricultura e que, por outro lado, a atual PAC está perto de a destruir”.

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