Um novo inquérito revela que os estafetas que trabalham com as plataformas de entregas alimentares preferem a flexibilidade que estas permitem, ou seja, trabalhar quando e onde querem.
O estudo da Copenhagen Economics, que incluiu Portugal no inquérito, mostrou que 72% dos estafetas consideram que as entregas devem ser encaradas como uma atividade complementar, enquanto 34% admite que as entregas são um complemento enquanto estudam e outros 34% usam a plataforma para aumentar o rendimento em complemento com outro trabalho integral ou parcial.
“De acordo com o estudo, se o trabalho independente através de plataformas fosse substituído por um modelo de emprego menos flexível, onde as horas são predeterminadas pelas plataformas, entre 100 mil e 150 mil estafetas seriam forçados a desistir do seu trabalho de entregas, aumentando para até 250 mil se fossem obrigados a trabalhar mais horas do que atualmente”, escreve a Copenhagen Economics.
O estudo adianta mesmo que “até 75 mil estafetas em toda a Europa poderiam ser forçados a deixar completamente a força laboral, colocando em causa rendimentos de até 800 milhões de euros destes trabalhadores”.
Os dados mostram que 54% do rendimento dos estafetas é gerado a partir do trabalho em plataformas, com estes a trabalhar uma média de 23 horas semanais. O estudo apurou ainda que 69% dos estafetas continuam a preferir a flexibilidade em vez de um horário predeterminado por entidades patronais, mesmo que tivessem a possibilidade de ganhar um rendimento superior em 15% ao atual.
“Esta é a primeira vez que um número tão elevado de estafetas em vários países foi questionado sobre as suas opiniões sobre o trabalho flexível e sobre o que aconteceria se tal fosse reduzido. A partir das evidências, fica claro que, para a maioria dos estafetas, a flexibilidade é crítica, já que o trabalho de entregas é uma atividade complementar aos seus estudos ou outros empregos”, diz Bruno Basalisco, diretor da Copenhagen Economics.
“Se retirarmos essa flexibilidade, dezenas de milhares de estafetas em toda a Europa serão desencorajados ao perder o trabalho e enfrentarão uma redução significativa nos rendimentos com o trabalho através de plataformas. Isso não só prejudicaria os estafetas mas também os consumidores, as empresas locais e a economia europeia em geral”, acrescenta.
O estudo adianta que as plataformas de entregas alimentares oferecem mais de 375 mil oportunidades de trabalho que contribuem para a economia europeia. Só em 2020, os consumidores realizaram 19,4 milhões de pedidos semanais. Com base neste valor, o ecossistema de entregas conseguiu gerar 20 mil milhões de euros em receitas para todos os envolvidos.
“A maioria dos estafetas valoriza a flexibilidade e gostaria de manter o controlo da quantidade, quando e onde trabalham. A flexibilidade não deve prejudicar a segurança e o bem-estar dos estafetas. Queremos trabalhar com legisladores e decisores políticos para encontrar soluções para combinar flexibilidade e redes de segurança”, considera Miki Kuusi, cofundador e CEO da Wolt, um dos fundadores da Delivery Platforms Europe.
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