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Vínculos laborais podem afastar 250 mil estafetas das plataformas de entregas

O estudo adianta mesmo que “até 75 mil estafetas em toda a Europa poderiam ser forçados a deixar completamente a força laboral, colocando em causa rendimentos de até 800 milhões de euros destes trabalhadores”.
17 Novembro 2021, 17h30

Um novo inquérito revela que os estafetas que trabalham com as plataformas de entregas alimentares preferem a flexibilidade que estas permitem, ou seja, trabalhar quando e onde querem.

O estudo da Copenhagen Economics, que incluiu Portugal no inquérito, mostrou que 72% dos estafetas consideram que as entregas devem ser encaradas como uma atividade complementar, enquanto 34% admite que as entregas são um complemento enquanto estudam e outros 34% usam a plataforma para aumentar o rendimento em complemento com outro trabalho integral ou parcial.

“De acordo com o estudo, se o trabalho independente através de plataformas fosse substituído por um modelo de emprego menos flexível, onde as horas são predeterminadas pelas plataformas, entre 100 mil e 150 mil estafetas seriam forçados a desistir do seu trabalho de entregas, aumentando para até 250 mil se fossem obrigados a trabalhar mais horas do que atualmente”, escreve a Copenhagen Economics.

O estudo adianta mesmo que “até 75 mil estafetas em toda a Europa poderiam ser forçados a deixar completamente a força laboral, colocando em causa rendimentos de até 800 milhões de euros destes trabalhadores”.

Os dados mostram que 54% do rendimento dos estafetas é gerado a partir do trabalho em plataformas, com estes a trabalhar uma média de 23 horas semanais. O estudo apurou ainda que 69% dos estafetas continuam a preferir a flexibilidade em vez de um horário predeterminado por entidades patronais, mesmo que tivessem a possibilidade de ganhar um rendimento superior em 15% ao atual.

“Esta é a primeira vez que um número tão elevado de estafetas em vários países foi questionado sobre as suas opiniões sobre o trabalho flexível e sobre o que aconteceria se tal fosse reduzido. A partir das evidências, fica claro que, para a maioria dos estafetas, a flexibilidade é crítica, já que o trabalho de entregas é uma atividade complementar aos seus estudos ou outros empregos”, diz Bruno Basalisco, diretor da Copenhagen Economics.

“Se retirarmos essa flexibilidade, dezenas de milhares de estafetas em toda a Europa serão desencorajados ao perder o trabalho e enfrentarão uma redução significativa nos rendimentos com o trabalho através de plataformas. Isso não só prejudicaria os estafetas mas também os consumidores, as empresas locais e a economia europeia em geral”, acrescenta.

O estudo adianta que as plataformas de entregas alimentares oferecem mais de 375 mil oportunidades de trabalho que contribuem para a economia europeia. Só em 2020, os consumidores realizaram 19,4 milhões de pedidos semanais. Com base neste valor, o ecossistema de entregas conseguiu gerar 20 mil milhões de euros em receitas para todos os envolvidos.

“A maioria dos estafetas valoriza a flexibilidade e gostaria de manter o controlo da quantidade, quando e onde trabalham. A flexibilidade não deve prejudicar a segurança e o bem-estar dos estafetas. Queremos trabalhar com legisladores e decisores políticos para encontrar soluções para combinar flexibilidade e redes de segurança”, considera Miki Kuusi, cofundador e CEO da Wolt, um dos fundadores da Delivery Platforms Europe.

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