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Vinho em risco. 85% das vinhas globais sob ameaça com alterações climáticas

Estudo de universidade espanhola alerta para os riscos das alterações climáticas, mas aponta que os efeitos negativos podem ser mitigados se as áreas de vinha forem replantadas com uma uva mais adequada ou se novas áreas forem plantadas.
29 Janeiro 2020, 12h55

A produção de vinho poderá ser um dos principais afetados pela crise climática, afetando, principalmente, a produção de vinho branco. Um novo estudo sugere que o aquecimento global pode atingir fortemente as adegas mundiais. Se nenhuma ação for tomada, um aumento de 2º Celcius resultaria numa perda de 56% de terreno para 11 variedades de vinho. Um aumento de 4º Celcius significaria que 85% dessas áreas seriam perdidas.

Os investigadores que colaboraram no artigo publicado na plataforma Proceedings of the National Academy of Science, esta quarta-feira, analisaram a terra adequada para 11 variedades populares de uva para vinho e descobriram que uma temperatura de 2º Celcius, acima dos níveis pré industriais, resultaria numa perda de 56% do terreno adequado dentro regiões vitícolas atuais em comparação à década de 1970, antes dos impactos mais graves do aquecimento global.

Espera-se que a variedade de uva branca ugni blanc (também conhecida como trebbiano) perca 76% da sua área de cultivo adequada e o riesling 66%. Prevê-se que o grenache de uva vermelha perca 31% da área atualmente considerada adequada para o cultivo da variedade, cita o The Guardian as conclusões do estudo.

Porém, nada está perdido. Ignacio Morales-Castilla, co-autor do estudo da Universidade de Alcalá, na Espanha, explica que ainda é possível adaptar a viticultura às alterações climáticas e que “a diversidade é uma ferramenta muito interessante para fazer isso”. Mesmo dando essa ressalva, o especialista relembra que a adaptação não anula o facto de que ainda e necessário limitar o aquecimento global possível, “porque quanto mais aquecimento tivermos, menos opções de adaptação teremos”.

Com o aumento do calor, as plantas podem ficar danificadas e o amadurecimento das uvas pode ser acelerado, tornando as uvas muito ricas em açúcar.

Mas o estudo também mostra que, se essas áreas pudessem ser replantadas com uma uva de vinho mais adequada ou novas áreas plantadas, apenas 24% da área de cultivo nas regiões atuais seriam perdidas sob um aumento de temperatura de 2º Celcius – uma redução na perda de mais de metade. Sob um aumento de 4º Celcius, 58% dessa área ficaria perdida se as variedades fossem trocadas ou novas áreas apropriadas fossem plantadas – cerca de um terço menor do que se nenhuma ação for tomada.

A equipa informou também que alguns países poderiam ser mais afetados do que outros, com países já mais quentes e menos capazes de compensar perdas futuras: a perda de terra para as variedades pode atingir 90% para a Itália e Espanha sob 4º Celcius de aquecimento.

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