A produção de vinho poderá ser um dos principais afetados pela crise climática, afetando, principalmente, a produção de vinho branco. Um novo estudo sugere que o aquecimento global pode atingir fortemente as adegas mundiais. Se nenhuma ação for tomada, um aumento de 2º Celcius resultaria numa perda de 56% de terreno para 11 variedades de vinho. Um aumento de 4º Celcius significaria que 85% dessas áreas seriam perdidas.
Os investigadores que colaboraram no artigo publicado na plataforma Proceedings of the National Academy of Science, esta quarta-feira, analisaram a terra adequada para 11 variedades populares de uva para vinho e descobriram que uma temperatura de 2º Celcius, acima dos níveis pré industriais, resultaria numa perda de 56% do terreno adequado dentro regiões vitícolas atuais em comparação à década de 1970, antes dos impactos mais graves do aquecimento global.
Espera-se que a variedade de uva branca ugni blanc (também conhecida como trebbiano) perca 76% da sua área de cultivo adequada e o riesling 66%. Prevê-se que o grenache de uva vermelha perca 31% da área atualmente considerada adequada para o cultivo da variedade, cita o The Guardian as conclusões do estudo.
Porém, nada está perdido. Ignacio Morales-Castilla, co-autor do estudo da Universidade de Alcalá, na Espanha, explica que ainda é possível adaptar a viticultura às alterações climáticas e que “a diversidade é uma ferramenta muito interessante para fazer isso”. Mesmo dando essa ressalva, o especialista relembra que a adaptação não anula o facto de que ainda e necessário limitar o aquecimento global possível, “porque quanto mais aquecimento tivermos, menos opções de adaptação teremos”.
Com o aumento do calor, as plantas podem ficar danificadas e o amadurecimento das uvas pode ser acelerado, tornando as uvas muito ricas em açúcar.
Mas o estudo também mostra que, se essas áreas pudessem ser replantadas com uma uva de vinho mais adequada ou novas áreas plantadas, apenas 24% da área de cultivo nas regiões atuais seriam perdidas sob um aumento de temperatura de 2º Celcius – uma redução na perda de mais de metade. Sob um aumento de 4º Celcius, 58% dessa área ficaria perdida se as variedades fossem trocadas ou novas áreas apropriadas fossem plantadas – cerca de um terço menor do que se nenhuma ação for tomada.
A equipa informou também que alguns países poderiam ser mais afetados do que outros, com países já mais quentes e menos capazes de compensar perdas futuras: a perda de terra para as variedades pode atingir 90% para a Itália e Espanha sob 4º Celcius de aquecimento.
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