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Vinhos verdes prometem contra-atacar primeira queda nas exportações desde 2004

“Nós aumentámos todos os anos as exportações, desde 2004 até 2019. Este será o primeiro ano em que, de certeza, interromperemos esse ciclo fantástico de crescimento”, afirmou o presidente da comissão de viticultura.
29 Maio 2020, 16h08

A exportação de vinho verde vai diminuir este ano, interrompendo pela primeira vez o crescimento desde 2004, mas o presidente da comissão de viticultura disse hoje que a região “já está a lutar” para “contra-atacar”.

“Nós aumentámos todos os anos as exportações, desde 2004 até 2019. Este será o primeiro ano em que, de certeza, interromperemos esse ciclo fantástico de crescimento”, afirmou Manuel Pinheiro, em declarações à agência Lusa.

Falando em Amarante, onde hoje a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) organizou uma visita a três produtores e exportadores destinada à comunicação social, o dirigente assinalou que, até março, a região estava “a crescer muito bem”, mas depois vieram as quebras de abril e maio, em resultado do impacto da covid-19 na economia.

“No resto ano [de 2020] vamos estar atrás do ano passado”, previu, enquanto acentuava: “Vamos à luta, porque o vinho verde hoje já é uma marca mundial”.

E prosseguiu: “Este é o momento de contra-atacarmos com uma atividade comercial e com trabalho e é isso que os produtores estão a fazer muito rapidamente, para não sermos surpreendidos pela vindima que está a três meses”.

Os produtores falaram hoje de perdas no mercado nacional ligado à restauração e hotelaria e alguns mercados internacionais, como a França, Itália, Suíça, Estados Unidos da América e Brasil. Contudo, essas perdas foram, em parte, compensadas pelos países nórdicos, Reino Unido e Holanda.

Manuel Pinheiro recordou que a região dos vinhos verdes tem investido três milhões de euros na promoção, “a maior parte em mercado externo”, e prometeu que a aposta se vai manter em 2021.

“Claramente, este investimento é para tentar recuperar estes mercados que nos escaparam este ano”, referiu.

Descrevendo à Lusa as dificuldades de momento no setor, Manuel Pinheiro reafirmou que “os produtores de vinho da região tiveram uma dificuldade enorme com o fecho dos restaurantes, que penalizou os produtores mais pequenos”.

Porém, sinalizou, “aqueles que têm a exportação a funcionar e as grandes superfícies com canais abertos foram lutando por aí para recuperarem o que perderam na restauração, em mercados como a Suécia, Noruega e Holanda, que ajudaram a recuperar um bocadinho o que se perdeu no mercado nacional”.

Para o presidente da CVRVV, “claramente, os restaurantes portugueses são um grande parceiro para os vinhos”.

“Estamos na expectativa que as famílias regressem aos restaurantes, que os restaurantes tenham saúde, porque isso é o que vai ajudar o nosso negócio também”, anotou, indicando que aqueles estabelecimentos “significam dezenas de milhares de postos de trabalho em todo o país”.

Focando em concreto a região do Tâmega e Sousa, onde estão situados alguns dos maiores produtores e exportadores de vinho verde, Manuel Pinheiro recordou que, naquele território, “claramente, a restauração está integrada com toda a economia e com as famílias, em todas as comunidades”, com um impacto no setor vitivinícola “muito desigual”.

“Temos produtores mais pequenos, cujo negócio praticamente parou e temos produtores maiores, que têm exportação, cujo negócio se aguentou, com algumas alterações do tipo de produto, vendendo vinho mais barato e menos os mais caros e também dilatando prazos de recebimento””, concluiu.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 360 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Em Portugal, morreram 1.369 pessoas das 31.596 confirmadas como infetadas, e há 18.637 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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