[weglot_switcher]

Vírus consegue alterar diagnósticos médicos

O teste, realizado em Israel, teve como objectivo alertar os profissionais de saúde para os perigos dos ataques de malware em meio hospitalar. Para demonstrar a facilidade e eficácia destes ataques, a equipa focou-se na alteração de imagens de tomografia computorizada utilizadas para diagnosticar cancro do pulmão.
6 Abril 2019, 18h00

Quando o seu computador apanha vírus é uma situação mais ou menos complicada (ou mais ou menos onerosa), mas, normalmente, consegue resolver-se. Mas e se esse malware fosse utilizar para alterar diagnósticos médicos? Um teste realizado em Israel tentou provar que é muito fácil de fazer.

Segundo o site Engadget, uma equipa do Cyber Security Research Center da Universidade Ben Gurion em Israel criou malware que consegue infetar ferramentas de diagnóstico médico, em hospitais e outras instalações de cuidados de saúde, e alterar resultados de testes. Para demonstrar a facilidade e eficácia destes ataques, a equipa focou-se na alteração de imagens de tomografia computorizada utilizadas para diagnosticar cancro do pulmão.

O malware em questão utilizou ‘deep learning’ e uma ‘3D conditional GAN’ para levar a cabo o ataque e a manipulação dos dados. Uma ‘GAN’ quer dizer ‘Generative Adversarial Network’ e é um sistema que utiliza duas redes neurais que competem entre si para gerar imagens que pareçam autênticas. Isto permitiu que as imagens das Tomografias Computorizadas fossem manipuladas para adicionar o que parecem ser células cancerígenas antes de serem apresentadas a três especialistas em radiologia para avaliação.

Uma das maiores preocupações era a qualidade das imagens manipuladas e se conseguiam, ou não, enganar os especialistas. Nos casos em que foram adicionadas supostas células cancerígenas, os especialistas indicaram a presença de cancro 99% das vezes. Quando as supostas células cancerígenas foram removidas, 94 por cento dos especialistas declararam que não havia doença.

De notar que, de acordo com a equipa responsável pelo teste, a alteração das imagens demora uns meros milissegundos, ou seja ao olho humano é praticamente instantâneo. Quando os especialistas foram informados da alteração das imagens, continuaram a diagnosticar erradamente a presença de cancro 60 por cento das vezes e a inexistência de cancro 87 por cento das vezes. Este teste pode querer dizer o início de uma era em que hackers encontrem novas maneiras de manter os serviços hospitalares reféns depois das campanhas de ransomware de 2017 e minar a confiança de médicos e pacientes na veracidade dos meios de diagnóstico mais avançados.

PCGuia

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.