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“Visionário tóxico” e “génio do mal”. Retrato polémico sobre Steve Jobs chega às bancas

Marta Peirano é a autora do “O Inimigo Conhece o Sistema”; “este é um livro para entender porque é que as empresas tecnológicas que geram dependência são as mesmas que espiam e manipulam os utilizadores”.
12 Julho 2019, 15h56

No livro “O Inimigo Conhece o Sistema”, Marta Peirano fala sobre notícias falsas, privacidade, engagement e acusa Steve Jobs de ser um “génio do mal”.

Em entrevista ao El Mundo, a autora do livro faz referência a questões muito polémicas sobre a sociedade, a tecnologia e a cultura da Internet. Um dos principais alvos de debate da jornalista foi Steve Jobs. Marta Peirano acusa o criador da gigante tecnológica Apple de ser um “visionário tóxico com capacidade de reinvenção absoluta” por ter conseguido recuperar as rédeas da sua empresa depois de ser despedido e mesmo pelos sucessos da Apple.

“Ele é um visionário tóxico porque é um génio do mal”, afirmou ao jornal espanhol. “Mas é brilhante para os negócios porque tem uma capacidade de reinvenção absoluta, mesmo depois de ter sido despedido por ser um mau chefe conseguiu recuperar as rédeas da empresa”, sublinhou.

De acordo com a escritora, “Steve Jobs nasceu para ser um líder, nasceu para ter sucesso”. Mas a verdade é que todos os génios têm seu lado sombrio. Jobs era muito duro com os seus funcionários, extremamente exigente, e Marta Peirano chega até mesmo de chamá-lo de cruel. Mas esse grau de “maldade” foi o que lhe valeu o sucesso da Apple.

A jornalista relembra quando a industria da música atravessava uma crise causada por dois jovens de 17 anos, criadores do Napster, uma aplicação sem padrinhos e financiamento que registou 80 milhões de utilizadores em dois anos e meio. “[Steve Jobs] aproveitou a energia do Napster e fez com que as editoras fizessem o trabalho sujo de ir atrás dos amantes de música”, contou. “Enquanto isso, Jobs criou uma plataforma para se aproveitar das próprias discografias”.

A Apple Music foi criada em 2015 e é um serviço de streaming de musicas. A plataforma inclui uma estação de rádio e um blog Connect para artistas para partilharem musicas com os fãs. Em junho, a app  alcançou mais de 60 milhões de subscritores, aproximando-se assim do rival Spotify, que tem 100 milhões de subscritores que pagam pelo serviço de música.

“O resultado final é que destrói uma oportunidade de ouro para o que era um quadro de desenvolvimento cultural e social mais democrático do que temos agora”, argumenta a escritora.

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