[weglot_switcher]

Vitória dos Toronto Raptors pode fomentar expansão internacional

Lenda da NBA defende que o futuro da prova de basquetebol mais mediática do mundo passa pela inclusão de mais equipas estrangeiras. Comentador português dúvida: “Incluir equipas de outros continentes implicaria um desafio logístico gigantesco”.
6 Julho 2019, 17h00

A equipa canadiana dos Toronto Raptors conquistou pela primeira vez na sua história o título da NBA, a prova de basquetebol mais mediática do mundo, depois de derrotar os norte-americanos Golden State Warriors por 4-2, na série de sete jogos possíveis na final dos playoffs. Com este triunfo, os Raptors tornaram-se também na primeira equipa fora dos Estados Unidos a vencer a prova. Será que este feito poderá representar um novo capítulo na competição?

“A vitória dos Toronto Raptors pode ser um prognóstico antecipado de um futuro melhor para o basquetebol profissional em todo o mundo. No mínimo, poderá encorajar a expansão da NBA para incluir outros países a sul da fronteira [dos EUA] e de outros lugares, levando a liga a evoluir para uma competição mais internacional”, escreveu o antigo atleta da NBA, Kareem Abdul-Jabaar num artigo de opinião, publicado no jornal “The Guardian”.

Será mesmo assim? O comentador de NBA da SportTV, Ricardo Brito Reis, disse ao Jornal Económico que duvida “que a expansão internacional esteja para breve”, embora se “fale no possível surgimento de equipas no México ou na Europa”. Sobre as palavras do histórico Kareem Abdul-Jabaar, o especialista português em NBA argumentou que há “uma tendência dos últimos anos na NBA”, para “os responsáveis das equipas serem pouco pacientes e não darem tempo suficiente para as equipas viverem processos de continuidade. Há uma “moda” de rebentar e reconstruir quando as coisas não funcionam em três ou quatro anos. Os Raptors são das poucas equipas que não optaram por esse caminho.Têm construído um trajeto sustentado ao longo da última década, mantendo e desenvolvendo jogadores, e só este ano decidiram arriscar um pouco mais”.

Mas faz sentido pensar numa NBA ainda mais mediática, com mais equipas além-fronteiras dos EUA? “A NBA já consegue importar os melhores jogadores dos quatro cantos do mundo e tem feito tudo para globalizar a marca”, afirmou Ricardo Brito Reis, para quem o caminho passa por uma “aposta em levar jogos oficiais da fase regular da prova para fora dos EUA, como são os exemplos do NBA London Game e os NBA Mexico City Games”. Na pré-época da temporada 2019-2020 terão lugar jogos de preparação da NBA no Japão.

Ainda assim, “é inegável que haja uma vontade em fazer crescer toda a indústria que surgiu e se consolidou em torno da NBA. Mas, incluir equipas de outros continentes iria implicar um desafio logístico gigantesco, sobretudo em relação a viagens, muito difícil de solucionar”, explicou o comentador.

Quanto a desafios para a principal prova norte-americana de basquetebol, Ricardo Brito Reis lembrou o tanking (conceito aplicado às equipas que perdem de propósito para ter mais probabilidades de ter uma escolha mais prioritária no draft no ano seguinte), que “foi uma das prioridades desta época” e deverá continuar a sê-lo para o responsável máximo da NBA, Adam Silver. “A legalização das apostas e as questões relacionadas com segurança, saúde e bem-estar físico e mental dos jogadores devem continuar no topo da lista de prioridades”, prosseguiu. Sobre a vitória-surpresa da equipa de Toronto, o comentador de NBA salientou que “foi um conjunto de vários fatores, mas há sobretudo mérito dos Raptors”.

Resta saber se os canadianos serão recebidos na Casa Branca, por Donald Trump. “Parece-me muito difícil que uma equipa canadiana, com um general-manager africano e tantos jogadores internacionais tenha intenção de ser recebida por Donald Trump”, comentou Ricardo Brito Reis.
“Em jeito de bricandeira, a NBA devia pensar em mudar de nome, porque com o título dos Toronto Raptors já não é assim tão National (Basketball Association)”, concluiu o especialista português.

Artigo publicado na edição nº 1994, de 21 de junho, do Jornal Económico

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.