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Wall Street cai, apesar da subida da Alphabet

Os indicadores positivos associados ao mercado de trabalho nos EUA poderão consolidar a visão dos investidores em relação ao comportamento da política monetária a ser seguida pelo Fed nos próximos meses, aumentando as expetativas associadas a novas subidas nas taxas de referência.
5 Junho 2017, 22h01

As ações da Alphabet (matriz do Google) fecharam nos 1.003 dólares por primeira vez com uma subida de 0,78%. Em contraste, a Apple caiu 0,98% e liderou as vendas no Dow Jones, seguida pela United Technologies, com um decréscimo de 0,93% e a Caterpillar que caiu 0,71%. No lado das subidas, a cadeia de supermercados Wal-Mart fechou com uma subida de 0,79%, a Exxon Mobil de 0,78% e a Microsoft de 0,72%.

Com isto a bolsa de Nova Iorque fechou com quedas tímidas (Dow Jones: fechou nos 21.184 pontos, -0,10%; o Nasdaq caiu 0,16% para 6.295,7 pontos e o S&P 500 perdeu 0,12%  para 2.436,1 pontos).

Os analistas salientam o ‘efeito calendário’ para explicar o facto de que a economia dos EUA ter criado menos empregos do que o previsto em maio (138.000 contra 185.000 esperados) e dizem que a fraca criação de emprego nos EUA é apenas temporária. “Esperamos uma recuperação na criação de emprego no próximo mês. Mantemos nossa previsão de que a Reserva Federal (Fed) vai aumentar as taxas de juro em 25 pontos base no próximo dia 14 de junho e começará a normalizar a dimensão tamanho do seu balanço em setembro” nota do banco britânico Barclays.

“A nossa previsão de um novo aumento nas taxas de juros em dezembro ainda está de pé, mas está condicionada à expectativa de que o mercado de trabalho permaneça saudável e que o núcleo da inflação aumentará gradualmente”, concluem analisando a política monetária do Fed.

Os dados relativos ao mercado de trabalho nos EUA para o mês de maio, divulgados na passada sexta-feira, mostraram um comportamento misto. Por um lado, a taxa de desemprego situou-se nos 4.3%, o que corresponde a descida de 0.1 p.p face aos valores do mês anterior (4.4%) e situando-se abaixo das estimativas dos analistas (4.4%). Por outro lado, o indicador que mede a criação de novos postos de trabalho nos sectores não agrícolas ascendeu a 138 mil no mês de maio, situando-se abaixo das estimativas dos analistas (+182 mil de acordo com a Bloomberg) e significativamente acima dos valores verificados no mês anterior, que foram revistos em baixa (de +211 mil para +174 mil).

De salientar que o rendimento do trabalho registou em maio uma subida de 0.2% em relação aos valores de abril, enquanto face ao período homólogo verificou-se uma subida de 2.5%, valores em linha com as estimativas em termos mensais e também em linha com os valores de abril.

Os indicadores positivos associados ao mercado de trabalho nos EUA (este mês em particular ao nível da taxa de desemprego), poderão consolidar a visão dos investidores em relação ao comportamento da política monetária a ser seguida pelo Fed nos próximos meses, aumentando as expetativas associadas a novas subidas nas taxas de referência na reunião que se realiza a meados de junho.

Uma das novidades geopolítica do dia, com implicações para muitos setores, é que a Arábia Saudita e vários países do Golfo romperam relações diplomáticas com o Qatar, um país que acusam de financiar grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Daesh. A Arábia Saudita e seus aliados acusam também o Qatar de ter ligações ao Irão e à Irmandade Muçulmana. Aparentemente, o objetivo dos sauditas seria cortar os laços cada vez mais estreitos entre o Qatar com o regime de Teerão, o seu principal inimigo na região.
O Qatar produz 618.000 barris de petróleo por dia, com uma quota global de 0,65%. Além disso, é o maior produtor mundial de gás natural. Após este incidente diplomático, o petróleo West Texas caiu 0,59%, para 47,38 dólares.

Na área económica, a produtividade do trabalho no primeiro trimestre dos EUA manteve-se estável, em linha com as expectativas. O fraco desempenho deste indicador tem sido uma das principais ‘dores de cabeça’ para os membros do Fed, incapazes de promover medidas para aumentar a produtividade do trabalho nos últimos anos.

Por último, mas não menos importante para Wall Street, o ex-diretor do FBI, James Comey, que foi demitido por Donald Trump, irá depor no Senado sobre o papel desempenhado pela Rússia nas eleições de novembro. Se Comey acusa Trump de interferir nas investigações do FBI, o escândalo político pode subir para outro nível e ameaçar o presidente.

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