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‘Web Talk’ JE e Huawei. Do bailado a concertos: a aproximação do artista ao digital como forma de promoção

Os cinco sentidos são aguçados com experiências, mas a pandemia da Covid-19 obrigou a uma adaptação e migração dos espetáculos para o mundo digital. A experiência correu bem e aproximou os artistas do seu público, mas “nada substitui um espetáculo ao vivo”, disse Álvaro Covões. A tecnologia promete continuar a revolucionar os setores de Media e Entretenimento nos próximos anos e esse foi o tema em debate na Web Talk “Media & Entretenimento” inserida no ciclo de conferências online “A Step into the Future”, organizada pelo Jornal Económico e pela Huawei Portugal.
24 Julho 2020, 16h42

Ópera e bailado são espetáculos culturais que, por norma, têm pouca capacidade penetração com tecnologias mas face à pandemia da Covid-19, verificou-se uma adaptação à nova normalidade, disse Alexandre Miguel Santos, membro da administração da OPART, responsável pelo teatro de São Carlos e Companhia Nacional de Bailado, durante a Web Talk sobre “Media e Entretenimento”, organizada pelo Jornal Económico em parceira com a Huawei Portugal, no âmbito do ciclo ‘A Step Into the Future’, no mês de julho.

“Acho que esta pandemia, com todo o mal que trouxe, conseguiu obrigar-nos a desenvolver ferramentas que estariam na nossa mente utilizá-las mais tarde, mas a necessidade quase aguçou o engenho e foi para nós muito importante utilizar os media, neste caso o online, para podermos dinamizar uma série de iniciativas culturais”, disse Alexandre Miguel Santos na conversa a cinco.

Mas não só das redes sociais se muniu a OPART durante a pandemia. O organismo apostou ainda em podcasts para estar em contacto com o público para que os músicos do Teatro Nacional de São Carlos e os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado se apresentassem aos seus públicos, além de apostar numa série infanto-juvenil para explicar o que é a ópera. “Tivemos o agrado de saber que foi utilizada por professores nas escolas, porque uma das missões da OPART é também uma missão pedagógica e fazer com que a cultura chegue aos mais pequenos”, assumiu o membro da administração da organização durante a conferência.

Com a adaptação, os profissionais já podem apostar em soluções diferentes para mostrar o seu trabalho. “Fazer coisas diferentes é aqui a palavra-chave, inovar”. “Ou seja, não teremos os bailarinos confinados em casa mas provavelmente termos mais workshops dos bailarinos a interagir com o público”, explicou esta sexta-feira, 24 de julho, Alexandre Miguel Santos.

Para mostrar o Teatro Nacional, desconhecido de muitos portugueses, a OPART também criou uma “visita de 360º ao teatro”, considerando a importância de “reconhecimento do espaço” ao público. Outra inovação foi a transmissão dos espetáculos em streaming para os espectadores, como decorreu durante a programação do Festival Ao Largo, que aconteceu no Largo da Ajuda por acomodar com as normas de segurança.

Na mesma conversa, participou ainda Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New, que abordou a experiência dos espetáculos ao vivo. “É importante dizer que nada substitui um espetáculo ao vivo”, assumiu Álvaro Covões diversas vezes durante as suas intervenções, denotando a importância dos sentidos exacerbados por um concerto. “o Homem tem cinco sentidos e na experiência ao vivo os cinco sentidos são muito importantes para poder usufruir e quando vemos na televisão ou digital só utilizamos dois sentidos”, sustentou.

Esta crise pandémica, segundo o diretor-geral da Everything is New, levou “para o digital uma quantidade de profissionais dos espetáculos, que muitas vezes se recusavam e ignoravam o digital, para se aproximar do seu público”, denotando a ideia de Alexandre Miguel Santos. “A nossa luta permanente é de ganhar públicos e ganhar públicos não é só fazer representações ao vivo. Criar laços e mostrar, como aqui foi dito, os ensaios dos bailarinos. Há muita coisa que se pode mostrar que pode cativar o público para ir aos teatros, e isso parece-me fundamental”, apontou o responsável pela organização do NOS Alive.

Questionado sobre o exemplo específico da promotora Everything is New, o diretor-geral admitiu que uma das maiores dificuldades observadas era ter de pedir “quase por favor aos artistas para fazer um perfil para os promover, pôr nas redes sociais, para ajudar a promover a venda do espetáculo”. “Uma ferramenta de marketing tão simples que, no fundo, é uma questão de personalizar e humanizar a figura do artista, e tínhamos imensas dificuldades” em ver o pedido acedido, enquanto durante a pandemia os artistas musicais viraram-se livremente para as redes sociais.

“Acho que esta crise veio trazer os artistas e profissionais dos espetáculos para o digital e aproximou-os mais do seu público. Penso que no futuro vamos ter exatamente isso: essas ferramentas vão ser extremamente úteis para mostrar aquilo que não se mostra quando se está a fazer uma performance ao vivo”, referiu Álvaro Covões na sua intervenção.

Na passagem de concertos em televisão, o diretor-geral da promotora, aponta que essa é uma prática existente há uns anos. “O pay-per-view já existia e, de facto, no digital já havia alguns passos com o sentido de poder mostrar a quem não foi”, disse, acrescentando que “nada substitui um espetáculo ao vivo” e que um concerto passar na televisão é uma “oferta diferenciada” de um festival de música.

“Na minha perspetiva enquanto promotor de espetáculos, obviamente que o importante é maior afinidade e ligação que podemos criar com o público que vai ser geradora de públicos. É preciso não esquecer que o mundo do espetáculo foi talvez das primeiras áreas da economia a entrar no digital, porque a maior percentagem de venda de bilhetes no mundo inteiro é no digital”, referiu Álvaro Covões, demonstrando que quando a bilhética de um concerto mais exclusivo abre, este esgota rapidamente no online. 

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