Uma aplicação de telemóvel de propaganda do Estado chinês, que se tornou um enorme e repentino sucesso, foi desenvolvida pela gigante Alibaba, concorrente chinesa da Amazon, numa altura em que as tecnológicas do país estão sob escrutínio global devido às suas eventuais ligações com o poder político, diz a agência Reuters.
A aplicação chama-se ‘Xuexi Qiangguo’, que literalmente se traduz como ‘Estudo para fazer a China forte’ e é uma forma de replicar os pensamentos do presidente chinês, Xi Jinping. Em pouco tempo, a aplicação ultrapassou a Tik Tok e a WeChat e tornou-se a mais popular app da Apple Store na China na última semana.
A app foi desenvolvida por uma equipa de projetos especiais da Alibaba em grande parte desconhecida, segundo a Reuters, e que trabalha para entidades externas ao próprio grupo. A Alibaba recusou comentar este tema.
Para a agência, o desenvolvimento da aplicação por parte da Alibaba, presidida por Jack Ma De, membro do Partido Comunista chinês, é mais um exemplo de uma empresa tecnológica chinesa a colaborar com o governo do país. O Departamento de Propaganda do país lançou a app pouco tempo antes do antes do congresso do partido, que se realizará no próximo mês em Pequim.
A aplicação inclui vídeos curtos, notícias do governo, quiz, LiveStream e comentários. A app foi importada mais de 43,7 milhões vezes em dispositivos Apple e Android desde o seu lançamento, em janeiro.
No mês passado, o vice-presidente executivo do Alibaba, Joe Tsai, criticou os Estados Unidos por causa do caso que envolve a também chinesa Huawei Technologies: “é extremamente injusto”, disse, e criticou o que chamou de tentativa do governo norte-americano para conter a ascensão da China no comércio planetário.
“A vantagem para essas empresas é que o seu historial de cooperação pode colocá-las numa melhor posição para a obtenção de licenças-chave ou outras oportunidades”, disse Mark Natkin, diretor administrativo da Marbridge Consulting, com sede em Pequim, acrescentando que estas colaborações são uma forma de manter o controlo do governo sobre empresas privadas.
“A desvantagem é que as empresas têm de assumir projetos que, por razões económicas, não aceitariam empreender, mas que pode ser desconfortável ou imprudente recusar”, disse ainda o mesmo responsável.
As reticências do ocidente, e nomeadamente dos Estados Unidos, face às tecnológicas chinesas, exatamente pela desconfiança de que seriam (também) um braço ‘armado’ do Estado, não são de agora. As tecnológicas chinesas têm-se defendido, e ainda há pouco a Huawei anunciava que iria criar um centro tecnológico na Europa com a finalidade de induzir maior transparência na sua atuação.
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