A introdução de tecnologias disruptivas e a crescente digitalização  com a difusão cada vez maior dos robôs e das máquinas de controlo numérico põem desafios socio-laborais consideráveis.

Na Indústria 4.0 teremos desejavelmente uma nova infraestrutura social no ambiente de trabalho, permitindo uma mudança no paradigma da interação do homem com a tecnologia. Deverão ser as máquinas a adaptar-se às necessidades do ser humano havendo cada vez mais:

– “e-learning” tecnológico no posto de trabalho na lógica do “workplace-based training”; e

– formação e desenvolvimento profissionais contínuos (CPD – “continuing professional development”).

As tecnologias das plataformas digitais que estiveram na origem dos mais conhecidos exemplos da economia da partilha (Airbnb, eBay) estão agora a facilitar novas formas de organização e prestação de trabalho.

A evolução tecnológica provoca sempre a destruição de empregos numas áreas e a criação noutras. Assim está a acontecer com a crescente digitalização da economia e com a Indústria 4.0. Estima-se que 10 a 15% dos atuais empregos no setor industrial irão desaparecer nos próximos dez anos, mas serão criados outros.

Temos empregos menos qualificados que podem ser automatizados, mas serão criados outros.

Haverá destruição de emprego: nos serviços administrativos; na manufactura e produção industrial; na construção civil; no setor das artes, entretenimento e media; nos serviços jurídicos; na instalação e manutenção de equipamentos.

Mas teremos criação de empregos: nas operações financeiras, com o advento de novos modelos de negócios provocados pela disrupção tecnológica que as FINTECHS estão a gerar; na gestão associada aos novos modelos de negócios provocados pela disrupção que a digitalização gera; na análise e tratamento de dados; na matemática; na indústria de software e computadores; na robótica; no avanço da inteligência artificial, do Big Data, da cloud e dos veículos autónomos; na engenharia e na arquitetura com a introdução dos modelos da Indústria 4.0 e Construção 4.0; nas vendas e atividades ligadas à introdução de novas plataformas digitais; na educação e formação profissional.

Não existem, face à crescente digitalização, sectores ou profissões imutáveis. Por isso temos que educar e formar os jovens não para as profissões atuais, que poderão vir a desaparecer, mas sim para lhes fornecer um conjunto de competências transversais que os ajudem a ter permanentemente as skills de empregabilidade para as necessidades dos mercados de trabalho e emprego ao longo da sua futura vida ativa.

O que se precisa é de competências e aptidões para o futuro. Portugal, através duma estratégia para o crescimento e de adequadas políticas de educação e formação profissional, deve estar do lado certo, aproveitando as oportunidades de investimento e emprego associadas a esta digitalização da economia.