Esta semana realiza-se mais uma edição anual do Fórum Económico Mundial (WEF) em Davos, na Suíça (17-20 janeiro). Com origens na década de 70, o WEF tem vindo a ser reconhecido como um importante espaço de reflexão e de debate, quer de temas económicos quer sociais, principalmente nas últimas duas décadas. Para tal contribuiu a crescente abertura do WEF à sociedade, através da organização de eventos em várias zonas do planeta ao longo de cada ano.
Exemplo disso é o evento dedicado às startups e novas empresas com elevado potencial de crescimento (o Annual Meeting of the New Champions, desde 2007), aos jovens líderes (Young Global Leaders, desde 2005), aos problemas sociais (Social Entrepreuneurs, desde 2000) ou à Saúde (Global Health Initiative, desde 2002). Este alargamento do WEF traduz-se na diversidade de pessoas que anualmente marcam presença nestes eventos, que incluem políticos, empresários, banqueiros, empreendedores, atores, escritores, líderes de opinião, jornalistas ou ativistas sociais, entre outros.
Portugal tem marcado presença ao longo dos anos, de forma mais ou menos discreta. Este ano, a presença portuguesa – que inclui membros do Governo, empresários, empreendedores ou investigadores – é reforçada com a participação do secretário-geral da ONU, António Guterres. A presença de Portugal em eventos internacionais de grande projeção mediática, onde se concentram os principais líderes mundiais, é importante e justifica-se pela adoção por parte de Portugal de uma posição proativa em temas de interesse global, e que podem ter impacto a prazo no nosso país.
Por exemplo, é relevante que nos vários fóruns tenhamos uma posição clara ao nível dos movimentos nacionalistas e xenófobos que ganham força no espaço europeu, das tendências antiglobalização, da proteção de dados e da privacidade dos cidadãos, do aprofundamento da economia digital e do combate à infoexclusão, do modelo de desenvolvimento que queremos seguir ou da importância económica e social dos fluxos migratórios.
A participação ativa nestes eventos de dimensão global é, também, uma oportunidade para que Portugal possa influenciar o rumo de alguns destes temas, conhecida que é a nossa capacidade de “boa diplomacia” a nível internacional. O evento de Davos constitui também uma oportunidade para mostrar um Portugal com condições cada vez mais favoráveis para que se possa empreender e inovar. E, com isso, atrair mais e melhor investimento.
Apesar de todos os problemas e fragilidades, temos, entre outras coisas, infraestruturas físicas e digitais sofisticadas, um sistema de ensino e de investigação de qualidade e internacionalizado, recursos humanos que se adaptam a modelos de gestão avançados ou incentivos públicos que cobrem as várias fases do processo de inovação. Além disso, Portugal tem a dimensão adequada para testar novos produtos e serviços antes de serem lançados nos mercados mundiais. Mas temos, também, as “vantagens competitivas” do Portuguese way of life. E isso é bom, e é genuíno!