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BCP: DBRS diz que aumento de capital é benéfico mas alerta para crédito em risco

Agência canadiana elogiou o aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros do BCP por permitir pagar os CoCos e melhorar o rácio de capital mas avisa para a fraca qualidade do crédito.
Rafael Marchante/Reuters
12 Janeiro 2017, 15h12

O aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros é um passo importante para reforçar a posição de capital do Banco Comercial Português, diz a agência de rating canadiana DBRS. Mas avisa que a qualidade dos ativos permanece fraca e pode continuar impactar no capital.

“O anúncio [do aumento de capital] elimina a incerteza em torno das perspectivas do BCP para 2017, largamente associada à sua capacidade de reembolsar o valor total dos títulos convertíveis contingentes (CoCos), subscritos pelo Estado em julho de 2012, sobretudo após o banco ter registado prejuízos no terceiro trimestre e dada a fraca posição de capital do Banco”, diz a nota de hoje do DBRS.

A DBRS também considera que o aumento de capital demonstra ainda o compromisso do Banco em fortalecer seu balanço, reforçando sua posição de capital e aumentando a transparência para os investidores.

O BCP anunciou que aumento do capital será utilizado para reforçar os seus níveis de capital regulamentar que se encontram abaixo dos pares europeus.

O BCP anunciou também que tenciona reembolsar o montante total dos CoCos pendentes. Imediatamente após a conclusão da emissão de direitos, e antes do prazo final do empréstimo do Estado, julho de 2017. Como resultado, o Banco deixará de ter restrições ao pagamento de dividendos, uma vez que retorna à rentabilidade, diz a agência de rating.

A subscrição dos direitos está totalmente garantida por um consórcio de bancos de investimento e espera-se que seja concretizada no prazo de um mês.

O aumento de capital encerra as negociações iniciadas no primeiro semestre de 2016 com o investidor chinês Fosun Industrial Holdings Limited, para adquirir uma participação máxima de 30% no BCP.

A 22 de novembro, e após ter sido aprovado o limite de voto a 30% (antes era 20%), a Fosun adquiriu uma participação de 16,67% no BCP por 175 milhões de euros. A aquisição foi realizada através de um veículo europeu, Chiado (Luxembourg) uma filial da Fosun. A DBRS espera que o Chiado alcance a
participação de 30% no BCP quando a questão dos direitos estiver concluída, o que aumentará o número de membros do conselho de administração da Chiado (Fosun) no BCP para quatro.

Com este aumento de capital o rácio de capital CET1 (fully loaded) pró-forma do BCP passa para 11,4% face aos 9,5% registados no final de Setembro de 2016, com cerca de 725 milhões de capital fresco adicional.

“Esse rácio é uma melhoria significativa, embora a DBRS note que a qualidade dos ativos permanece fraca e pode continuar a impactar no capital. O nível de NPEs [crédito em risco] do Banco (segundo a definição da Autoridade Bancária Europeia) no final de Junho de 2016 representava 19,9% do total do crédito à data, é pior que a maioria dos bancos europeus”, diz a DBRS.

A agência refere que o banco continua com perdas em resultado das suas operações em Portugal. O BCP registou um prejuízo líquido de  251.1 milhões nos primeiros nove meses de 2016, devido essencialmente a provisões para crédito, algumas das quais foram efectuadas para reforçar os níveis de cobertura de certos activos problemáticos em Portugal.

Para 2017, a DBRS espera que o BCP comece a divulgar lucros e continue a melhorar a conta de resultados, principalmente através de menores entradas de NPLs (crédito vencido) e de novas reduções nos custos de financiamento.

“As provisões devem regressar a níveis mais normalizados, uma vez que a qualidade dos activos continua a estabilizar, embora o custo do risco possa permanecer acima dos seus pares europeus. Espera-se que o reembolso integral dos Cocos tenha um impacto positivo na margem financeira de cerca de 65 milhões de euros anuais”, diz a DBRS.

A agência recorda que a segunda maior accionista do BCP, a Sonangol, a maior empresa petrolífera angolana (estatal), também recebeu a aprovação regulamentar para aumentar a sua participação no BCP para 30%, tendo actualmente 14,9%.

A DBRS vê como um possível resultado que tanto a Chiado como a Sonangol acabem por deter participações significativas no BCP. A 13 de dezembro de 2016, um dos acionistas de longa data do BCP, o Banco de Sabadell, alienou a sua participação de 4,08%, refere a nota.

 

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