O BlackRock, a maior gestora de fundos do mundo, tornou-se a terceira maior acionista do Banco Espírito Santo (BES), quando o banco já estava em dificuldades. A empresa terá comprado uma posição relevante seis meses antes da queda do BES e vendido ações, que valeriam zero euros, desconhecendo-se o seu destino, avança o jornal “Público”.
A entrada da BlackRock no capital do BES não foi comunicada ao Banco de Portugal (BdP) e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os detalhes da compra não são públicos e a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque reconhece que foi um “negócio estranho”. A BlackRock chegou a deter cerca de 5% das acções, o que fazia dela a terceira maior accionista, atrás da holding Espírito Santo e do banco francês Crédit Agricole.
Ao abrigo da lei, que apenas as alterações de capital superiores a 10% são consideradas “participações qualificadas”, o que não obrigava a que a operação fosse comunicada ao BdP nem à CMVM. No entanto, a lei sublinha que o regulador deve ser informado se a venda possibilitar “exercer influência significativa na gestão da empresa participada”. “Essa é a parte que ninguém pode garantir, hoje”, escreve o “Público”.
A BlackRock acabou por vender os 4,65% que detinha no BES, onze dias antes da resolução. Não se sabe a quem, nem por quanto. Mais: “a alienação resulta de uma transacção executada fora de balcão”. O jurista Nuno Garoupa indica que o negócio da BlackRock pode representar “uma enorme falha regulatória”. “Se a venda aconteceu e foi legal, evidentemente trata-se de um problema da medida de resolução”, afirma.
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