Um grupo chinês com sede em Xangai, vocacionado para o tratamento de resíduos, a China Tianying, chegou acordo com o grupo Groupama para a compra das companhias Vida e Não Vida em Portugal, soube o Jornal Económico.
Os chineses da China Tianying estão na Europa com uma empresa de tratamento de resíduos em Espanha e, segundo as nossas fontes, poderá ser através desta empresa espanhola que a aquisição da Groupama em Portugal se concretizará, ou em alternativa através de um fundo de private equity a constituir em Portugal. Fonte conhecedora do processo avança que o contrato de promessa de compra e venda da Groupama foi assinado na passada sexta-feira.
O valor do negócio não é conhecido, sabe-se apenas que em prémios as duas companhias (Groupama Vida e Groupama Seguros) somam 125 milhões de euros. As duas seguradoras tiveram lucros em 2016.
A Groupama Vida é detida pelos franceses da Groupama, e por sua vez detém a Groupama Seguros. Ambas as companhias em Portugal têm Charles de la Girouliere como Presidente e João Maria de Quintanilha e Mendonça como Administrador-Delegado.
A Groupama Vida registou um volume de produção do ramo Vida de 100,2 milhões de euros em 2016, correspondendo a um aumento de 4,8% (o que é uma boa performance se comparado com um decrescimento total do mercado Vida em 2016 de 22,7%).
“A companhia do ramo Vida atingiu no ano de 2016 um lucro de 1.660 milhares de euros (1,6 milhões), que compara com um prejuízo de 9.672 milhares de euros no ano anterior, prejuízo aquele influenciado pelo movimentos contabilísticos referentes ao valor da participação da Groupama Vida na Groupama Seguros, cujos ajustes de imparidade atingiram, em 2015, os 9,5 milhões”, refere o relatório e contas.
Tendo em conta a aplicação obrigatória do regime de Solvência II desde 1 de janeiro de 2016 e face ao agravamento das condições económicas e financeiras em 2016, a Companhia decidiu efetuar dois aumentos de capital no mês de novembro e de dezembro no valor de 19,1 milhões de euros e 12,5 milhões, subscrito pelo único acionista, a Groupama. Este aumento de capital garante à companhia, junto da ASF (regulador dos seguros), atingir um rácio SCR mínimo de 110%.
Por outro lado a Groupama Seguros (Não Vida) registou um volume de 25,1 milhões de euros, de prémios. A produção Não Vida registou em 2016 um crescimento de 15,4%. O ramo principal da Groupama Seguros continua a ser Doença, com 48% da produção total Não Vida, tendo registado em 2016 um crescimento de 10,1%. O resultado líquido de 2016 atingiu um lucro de 666 milhares de euros, que compara com o prejuízo obtido no ano anterior, de 4.021 milhares de euros.
Também na seguradora dos ramos reais houve um aumento de capital para responder à aplicação obrigatória do regime de Solvência II. A companhia decidiu no mês de dezembro fazer um aumento de capital no valor de 700 mil euros, subscrito pelo único acionista, Groupama Seguros de Vida. Este aumento de capital garante atingir um rácio SCR mínimo de 110%.
Esta é mais uma companhia que recebe chineses na sua estrutura acionista, depois da Fidelidade (comprada pela Fosun) e da Lusitânia a caminho de ser vendida à Clean Energy Finance Corporation (CEFC) China, um grupo do setor da energia.
A China Tianying atua como uma empresa de proteção ambiental e energia, que se dedica ao investimento, construção e manutenção de geração de energia e incineração de resíduos sólidos urbanos – MSW (municipal solid waste), tratamento de resíduos alimentares, tratamento de resíduos perigosos, tratamento de resíduos de construção, tratamento de águas residuais , etc, na China.
Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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