Em 2010, o défice orçamental sem medidas temporárias foi de 8,5% do PIB. Como em 2015 esse indicador registou o valor de 3%, então tal significa que no período 2011-2015 ocorreu um ajustamento permanente de 5,5 pontos percentuais do PIB. No conjunto dos 28 países da União Europeia, Portugal está mesmo no top 5 dos que realizaram um maior esforço.
Já em 2016, estima-se que o défice, igualmente sem medidas temporárias, caia 535 milhões de euros face a 2015 – um valor que é elevado, mas que ainda assim é inferior aos cerca de 2.000 milhões que correspondem à média anual de redução que se verificou nos últimos cinco anos.
Assim, quando o primeiro-ministro afirma que em 2016 se registará “o melhor défice do país dos últimos 42 anos“, e atribui os louros a Mário Centeno, na realidade os contemplados deveriam ser os Portugueses, que continuam a suportar sacrifícios para que as contas públicas se possam tornar mais equilibradas. Mas se António Costa pretende mesmo atribuir o mérito a quem gere a pasta das finanças, então é óbvio que também deveria agradecer aos dois antecessores de Mário Centeno. É que 95% – a fatia de leão – da redução do défice permanente no período 2011-2016, corresponderá aos anos em que Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque foram ministros.
O óbvio, é que o controlo do défice dificilmente deixará de ser a principal prioridade no nosso País. Pensar que a austeridade vai ser revertida, tal qual o PS prometeu nas últimas eleições legislativas, é quase tão absurdo como acreditar que o São Nicolau vai descer pela chaminé no próximo Natal.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.