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“e-Toupeira”: escutas sustentam suspeita de conluio entre Paulo Gonçalves e outros aguidos

Em causa estão crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, violação de segredo, falsidade informática, acesso ilegítimo e favorecimento pessoal, segundo a Procuradoria-geral Distrital de Lisboa.
8 Março 2018, 09h08

O assessor jurídico do Sport Lisboa e Benfica, Paulo Gonçalves, e o funcionário do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos de Justiça (IGFEJ) envolvido na “Operação e-Toupeira” só foram detidos após a Polícia Judiciária (PJ) ter recolhido provas através de operações de vigilância e escutas telefónicas, noticiam o “Jornal de Notícias” e o jornal “Record” esta quinta-feira.

Segundo os jornais, a PJ registou encontros e escutas telefónicas entre os arguidos Paulo Gonçalves, o técnico de informática José Silva, o oficial de justiça Júlio Loureiro, o ex-oficial de justiça José Manuel Ribeio e o agente desportivo Óscar Cruz, que terão conspirado sobre processos judiciais envolvendo o Benfica, mas também processos relativos ao Sporting Clube de Portugal e ao Futebol Clube do Porto. Em causa estão inquéritos em segredo de justiça no Ministério Público de Lisboa.

Segundo o “Jornal de Notícias”, as informações recolhidas das escutas telefónicas e das operações de vigilância consolidam os dados reunidos pelo IGFEJ numa auditoria informática: alguém terá acedido ao processo conhecido por “caso dos e-mails”, que está em segredo de justiça, a partir de um computador da comarca de Braga, embora tivesse as credenciais de uma pessoa de Lisboa.

Além do “caso dos e-mails”, alguém terá também acedido a processos judiciais que envolvem dirigentes do Sporting e do Porto.

Os arguidos são suspeitos dos crimes de corrupção ativa e passiva, violação de segredo, falsidade informática, acesso ilegítimo e favorecimento pessoal, segundo a Procuradoria-geral Distrital de Lisboa.

Na quarta-feira, 7, o assessor jurídico do Benfica saiu em liberdade após ter sido detido no dia anterior e posteriormente ouvido pela PJ, ficando proibido de contactar com os outros arguidos do processo “e-Toupeira”, informou despacho da juíza Cláudia Pina.

O outro detido no processo, José Silva, funcionário do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, a trabalhar no departamento de informática dos tribunais de Fafe e Guimarães, está indiciado por corrupção passiva e ficou em prisão preventiva.

A “Operação e-Toupeira” foi feita através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e no âmbito de um inquérito que corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

As autoridades perseguem a comprovação de indícios da “prática de acessos por funcionários a diversos inquéritos em segredo de justiça para obtenção de informação sobre diligências em curso, informações que eram depois transmitidas a assessor da administração de uma sociedade anónima desportiva a troco de vantagens”, segundo a Procuradoria-geral Distrital de Lisboa.

Na terça-feira, foram cumpridos seis mandados de buscas domiciliárias, um “mandado de busca a gabinete de advogado” – no caso, Paulo Gonçalves – e 21 mandados de buscas não domiciliárias. Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) informa que a operação envolveu cerca de 50 elementos da PJ – incluindo inspetores e peritos informáticos –, um juiz de instrução criminal e dois procuradores-adjuntos do Ministério Público. Foram realizadas 30 buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa, “que levaram à apreensão de relevantes elementos probatórios”, refere.

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