Quem vai decidir as próximas eleições será aquele milhão de eleitores que ora vota PS, ora vota à direita. Este é o eleitor bailarino, aquele que todos os líderes querem captar e capturar. Rui Rio, o novo líder do PSD, não foge à regra. E, pelas sondagens que vão sendo conhecidas, o eleitor bailarino ainda não está inclinado para o PSD, ou pelo menos essa é a sensação de quem faz análises e que, muitas vezes, tem dificuldade em colocar-se na pele do homem ou mulher médios. Acreditamos que Rui Rio, nestes primeiros dias de liderança, tenha fé de que o analista seja diferente do homem médio.

À semelhança do que escrevemos na última semana, é claro que o espaço de comunicação de Rio precisa de maturação. Por enquanto tem sido mau, mas quem o conhece há longos anos é perentório em afirmar que é homem para ir a jogo. Ou seja, terá de fazer aquilo que o PS não gostaria, que é atacá-lo ao nível das questões sociais. O PSD só terá condições para voltar a ganhar eleições se promover os freelancers, os trabalhadores por conta própria e os funcionários públicos. E isto não é virar à direita ou à esquerda, é conquistar o eleitor bailarino. Tudo o que se disser depois disto serão banalidades disparadas para gáudio dos tituleiros das notícias digitais e em papel.

Rio não é um político sem experiência. Pelo contrário, tudo onde se meteu ganhou e isso deve-se à intuição. Claro que esta pode falhar ou vencer. O futuro a Deus pertence. Mas Rio tem de encontrar um caminho pelo universo mediático e, por enquanto, não demonstra ter aparelho de comunicação. É deprimente ouvir Montenegro na TSF, que faz frente ao presidente do PS como ‘opinador’. Falta realismo em tudo isto e não basta os apoios dos “velhos” barões, caso de Morais Sarmento e de Ferreira Leite.

As sondagens, ainda de acordo com ‘opinadores’, estarão durante uns tempos dentro dos 25%. Isso significa que tem um espaço que é uma grande vantagem: ou cresce, ou destrói o sistema político. Sim, o sistema, porque se quebrar a barreira dos 25% acaba o sistema político atual. Este PSD tem menos autarcas e tem dois ou três grupos de liderança que estão a ficar concentrados.

Do outro lado mantém-se a propaganda com os telejornais para o eleitor bailarino. Ainda esta semana era curioso o facto de todos os telejornais estarem na conferência de imprensa do ministro da Agricultura, que falava sobre a seca. Isto é propaganda mas o eleitor bailarino vai absorvendo a informação como inevitável. As questões sociais são a disrupção necessária para este PSD, que está muito marcado pelos tempos da troika e de Passos Coelho, depois por uma vitória que não lhes deu o governo e, mais recentemente, por uma liderança cujo discurso ainda não empolgou ninguém.