Entre 1997 e 2017, os trabalhadores portugueses de médias qualificações perderam 310 mil empregos para robôs e tecnologia, que vieram substituir a ação do Homem. A automação do trabalho está a alarmar os especialistas que sugerem o desaparecimento do IRS, para que os trabalhadores se possam tornar tão competitivos quanto as máquinas.
“A tecnologia cria empregos, mas não ao mesmo ritmo que destrói e não o faz para as nossas competências atuais”, afirma ao ‘Jornal de Notícias’, João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra, conhecido por ter sido o pai do primeiro microcomputador português. “As pessoas de qualificação média estão a ser substituídas pela automatização tecnológica, que pode ser menos ou mais humanoide, com é o caso dos robôs. A verdade é que Portugal tem muitos trabalhadores de qualificações médias que teriam emprego e deixaram de o ter”.
O problema estende-se a toda a União Europeia, onde a proporção de empregados de qualificações médias caiu 11,5% entre 1995 e 2015, de acordo com um estudo recente do CaixaBank Research. Exemplo da automação do trabalho são os pórticos das portagens e as caixas nos supermercados.
A justificar o crescimento da automação laboral na Europa está o facto de esta ser a região do mundo onde mais se tributa o trabalho para “sustentar o modelo social europeu”.
“Há tarefas com vantagens para máquinas e isso cria desajustamento no mercado de trabalho”, explica João Gabriel Silva, defendendo que a ferramenta do Estado para combater a substituição dos humanos pelas máquinas “é fiscal”. “Defendo que o IRS deve desaparecer. Quando as pessoas têm de escolher entre pessoas e máquinas, é óbvio que o Homem está em clara desvantagem, tendo em conta o seu custo para o empregador ao nível da Segurança Social e dos impostos, algo que não acontece com um robô”.
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