Os tempos que estamos a viver não se distinguem de outros já vividos por serem simplesmente tempos de mudança. Verdadeiramente novo é a rápida aceleração dessa mesma mudança. As duas revoluções industriais demoraram cumulativamente quase dois séculos a ganhar expressão consolidada no que era, então, o “mundo desenvolvido”. Em contraste, no último quarto de século os processos revolucionários na economia sucederam-se, atingindo quase de imediato uma expressão global.

Hoje, o paradigma de que a oferta cria a sua própria procura já não é válido. Pelo contrário, é esta última que, cada vez mais, determina a evolução da oferta. A consequência disto é que aos agentes económicos já não basta serem capazes de se adaptar à mudança e é quase sempre fundamental antecipá-la. O que significa captar e interpretar o impacto dos novos modos de vida nas formas de organização individual e colectiva que promovem e que se uniformizam à escala do planeta.

Foi com base nesta leitura da realidade que a CCP decidiu, há quatro anos, promover a criação de uma plataforma aberta que juntasse associações, empresas e pessoas do mundo académico e da investigação, com o propósito de impulsionar o estudo, o debate e a dinamização de acções de eficiência colectiva. Escolhemos como ponto de partida as grandes tendências da economia à escala global e a forma como o nosso país nelas se podia integrar, visando ascender na cadeia de valor daquilo que produzimos e vendemos.

Foi assim que nasceu o Fórum dos Serviços que, a partir do papel e do peso crescente das actividades de serviços na economia, olhasse para estas com uma visão integrada. O Fórum dos Serviços surge no contexto em que, numa economia do “imaterial”, o conhecimento se torna um factor competitivo determinante. Composto por 21 associações e câmaras de comércio, e 25 empresas das mais diversas áreas, da consultoria aos serviços partilhados, o Fórum ganhou maturidade e representatividade. Em conjunto com a CCP, organiza no próximo mês de Março a sua primeira Convenção Nacional. Ao longo de dois dias, serão debatidos temas estruturantes como as novas estratégias de internacionalização, as transformações resultantes da economia digital, o desafio dos transportes, ou os serviços às empresas na lógica de uma nova especialização internacional para Portugal. Os desafios de atractividade que se colocam às cidades e as políticas públicas, no que se relacionam com o Sector dos Serviços, serão outros grandes temas de discussão.

Sobre o eterno debate de quais devem ser os setores em que Portugal se deve especializar, a nossa resposta é: na inteligência.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.