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FMI alerta que a dívida cresce o dobro com governos frágeis

Quando os governos têm maiorias amplas, a diferença entre o que conseguem fazer e o que prometem fazer é muito pequena. Se houver governos frágeis é muito difícil mobilizar uma maioria no Parlamento, e nesses casos a diferença é muito maior “, diz Vítor Gaspar.
17 Abril 2017, 13h47

Um documento da instituição dirigida por Christine Lagarde conclui que os governos estáveis são mais determinados no controle das contas públicas. O populismo e os parlamentos fragmentados que dominam a actualidade podem ter consequências para as contas públicas e dificultar a consolidação orçamental avança a analise do FMI, citada no jornal espanhol El País.

O último livro elaborado pelo FMI sobre o impacto que tem a situação política no défice, na dívida ou na política fiscal alerta que governos que carecem de maiorias parlamentares ou que estão apoiados em coligações são considerados Executivos débeis e tendem a aumentar duas vezes mais a dívida publica sobre o PIB do que governos maioritários.

Com uma ampla base de dados que abrange 90 países durante 50 anos,  as conclusões do FMI não mencionam nenhum país em concreto. A análise diz também que a debilidade política explica que a redução do défice é sete vezes menor do que em governos que são maioritários no Parlamento.

O estudo em causa, para evitar alterações estatísticas, retirou da análise, os casos extremos como os resgates sofridos durante a crise do euro. Portugal foi um dos países resgatados pela troika e tem neste momento um governo minoritário, assente num apoio parlamentar.

“Quando os governos têm maiorias amplas, a diferença entre o que conseguem fazer e o que prometem fazer é muito pequena. Se houver governos frágeis é muito difícil mobilizar uma maioria no Parlamento, e nesses casos a diferença é muito maior “, diz Vítor Gaspar, diretor do gabinete dos Assuntos Fiscais do FMI. E o efeito é semelhante na dívida quando se tem um governo de coligação ou se o número de ministros no governo for superior à média, que é de 14, nestes casos há uma tendência para maior acumulação de dívida.

Um número maior de ministérios e sensibilidades para assistir, torna mais difícil dominar os gastos do Estado, diz Gaspar.

Outra conclusão do FMI é que os anos de eleições o défice público sobe em média de 1% mais, especialmente em países com pior qualidade das instituições. Os gastos do Estado nesses anos estão relacionados com subidas mais rápidas dos salários públicos, mas também pensões e subsídios.

Curiosamente, o investimento cai sempre em ano de eleições, e isso é explicado porque assume um pico 28 meses antes. Ou seja, pretende-se que a inauguração da obra pública ocorra em um ano eleitoral. “Descobrimos que as despesas em obras públicas mantém uma menor correlação com o ciclo eleitoral nos países que têm mecanismos de avaliação técnica de investimentos”, diz Carlos Mulas, coordenador do livro citado pelo El País.

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