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Gestores envolvidos no Lava-jato pediram “visto gold” em Portugal

Jornal britâncio The Guardian diz que pelo menos quatro altos quadros de construtoras brasileiras envolvidos em escândalos de corrupção compraram imóveis em Portugal e pediram vistos de residência, em 2014.
18 Setembro 2017, 19h49

Gestores de construtoras brasileiras envolvidos no escândalo de corrupção conhecido como Lava-jato compraram propriedades em Portugal e pediram visto de residência ao abrigo do programa “vistos gold”, noticia o jornal britânico The Guardian.

As propriedades terão sido adquiridas em 2014, depois do início das investigações relacionadas com o processo Lava-jato, e os vistos terão sido pedido na mesma altura.

O ex-presidente da construtora Andrade Gutierrez Otávio Azevedo, que foi condenado a 18 anos de prisão domiciliar pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, comprou uma propriedade em Lisboa por 1,4 milhões de euros e pediu o visto permanente.

Inquirido pelo jornal, um porta-voz de Otávio Azevedo disse que este ainda não foi informado sobre o resultado do pedido de visto e que o imóvel foi comprado de acordo com a legislação portuguesa.

O principal accionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade comprou um imóvel em Portugal por 665 mil euros, também em 2014.

O ex-presidente da construtora Odebrecht Pedro Novis comprou um imóvel em Lisboa por 1,7 milhões de euros.

Carlos Pires Oliveira Dias, vice-presidente do conselho administrativo da construtora Carmargo Correa, investiu 1,5 milhões de euros e confirmou ao The Guardian ter pedido e ter-lhe sido atribuído o visto de residência em Portugal.

O programa de “Autorização de Residência para a Atividade de Investimento” permite que investidores estrangeiros comprem imóveis em Portugal por, pelo menos 500 mil euros, tendo acesso a um visto de residência.

Numa nota oficial citada pelo jornal, o governo português garante que o programa segue estritamente todos os procedimentos legais e de segurança e que todos os pedidos passam por um processo que inclui consulta de registos criminais em bases de dados nacionais e internacionais, assim como a troca de informação com autoridades policiais.

Desde a criação deste programa, em 2012, foram atribuídos 5.243 “vistos gold”.

A China lidera a lista das Autorização de Residência para a Atividade de Investimento, com 3.472 “vistos gold” atribuídos até julho, seguida pelo Brasil com 432.

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