Subprime, NINJA e credit crunch são termos que hoje fazem parte do glossário financeiro global, embora não tragam memórias muito felizes.
Foi precisamente há 10 anos que o mundo começou a perceber o significado e as implicações dos créditos hipotecários subprime nos EUA, que comportavam juros elevados mas também riscos significativos, pois eram destinados a clientes que não ofereciam garantias suficientes para beneficiar de taxas de juros normais. Muitos desses clientes eram os chamados NINJA – No Income, No Job and No Assets, pessoas sem rendimento, sem emprego e sem ativos.
Em tempos de bolha imobiliária, estimulada por descidas na taxas de juro de referência nos EUA para estimular a economia após a crise das dotcom e os ataques de 11 de setembro de 2001, a concessão de empréstimos subprime disparou.
Eram soluções interessantes para os clientes porque davam acesso a financiamento para comprar habitação e porque tinham taxas de juro iniciais relativamente baixas, e para os bancos porque estes tinham o imobiliário como garantia. No entanto, os créditos subprime tinham taxas baixas só por um tempo determinado, após o qual subiam. Essa transição, iniciada em meados 2006, levou a um disparo no número de defaults, com os clientes incapazes de amortizar os empréstimos, e provocou o colapso da bolha imobiliária.
Os bancos e as empresas de investimento que tinham estado a comprar e a vender estes créditos, muitas vezes agrupando-os com ativos de menor risco, foram obrigados a reconhecer perdas substanciais e a retrair-se de conceder novos empréstimos (a clientes e no mercado inter-bancário), criando o credit crunch (o apertar da oferta de crédito) e uma crise financeira global que rapidamente se transformou em recessão económica.
Total evaporação de liquidez
A 9 de agosto de 2007, a escala do problema torna-se evidente. Em Paris, o BNP Paribas informou que decidiu ‘congelar’ 2.200 milhões de euros em amortizações, ou seja, de capital que tinha de pagar aos investidores em dois fundos. O banco francês explicou que não conseguia medir o valor de alguns dos ativos “obscuros” nesses fundos, nomeadamente relacionados com créditos subprime, “devido a uma total evaporação de liquidez”.
O Banco Central Europeu reagiu de imediato, injectando 95 mil milhões de euros para aumentar a liquidez no mercado inter-bancário, um valor ao qual adicionou 108.700 milhões de euros nos dias seguintes.
A 17 de agosto a Reserva Federal dos EUA cortou a taxa que cobrava nos empréstimos aos bancos em meio ponto percentual para 5,75%, e avisou que o credit crunch poderia representar um risco para o crescimento económico.
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