Um grupo de mais de 30 investigadores de países como Portugal, Espanha, França e Itália, reunidos no Comité para Investigação sobre os Efeitos da Poluição Atmosférica sobre os Ecossistemas Mediterrânicos (Capermed) analisaram os resultados de estudos realizados para identificar os impactos da poluição atmosférica e das mudanças do clima, e as suas interações na natureza da região.
Em Portugal, os resultados foram obtidos em trabalhos no Parque do Alambre, em Azeitão, na Herdade da Coitadinha, em Barrancos, e na Companhia das Lezírias, em Samora Correia.
“Embora existam bastantes iniciativas, não há uma coordenação a nível de trabalho de investigação” para obter uma visão de conjunto da situação dos ecossistemas na Bacia do Mediterrâneo, revelou à agência Lusa Silvana Munzi, coautora do estudo e investigadora do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.
“Conseguimos detetar as principais faltas e a maior parte é relativa a falta de monitorização. Existem modelos”, mas são para uma determinada área e com “uma definição espacial muito baixa”, explicou a cientista.
Por isso, defendeu, “era preciso insistir na criação de ‘networks’, de trabalho entre investigadores para usar, por exemplo, protocolos comuns e ver, nos vários sítios do Mediterrâneo, como é que os ecossistemas respondem a diferentes fatores de ‘stress'”.
Silvana Munzi avançou ainda que, além de juntarem esforços na investigação, os cientistas vão apresentar uma proposta ao programa europeu Horizonte 2020 para conseguir financiamento.
Recordou que os países mediterrânicos são aqueles que têm menos fundos, por isso, “deve haver uma vontade política da União Europeia para financiar esta pesquisa”.
Segundo a investigadora, a Bacia Mediterrânica apresenta ecossistemas diversos dependendo, por exemplo, do tipo de solo ou de clima, com respostas diferentes às mudanças climáticas ou à poluição, sendo “importante que haja uma recolha muito maior de dados, no campo”, insistiu a investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Por outro lado, são desconhecidos os efeitos da ocorrência simultânea das mudanças do clima e da poluição.
Segundo a notícia da Lusa, os investigadores estudam em separado os efeitos da poluição, ligada ao azoto e ao ozono, originada nas atividades industriais, construção, emissões de veículos ou práticas agrícolas, e das mudanças climáticas, com o aumento da temperatura e dos períodos de seca.
“Ainda não foi feita investigação sobre quais os resultados não dos fatores individualmente, mas a sinergia entre eles”, realçou Silvana Munzi.
Uma vegetação já enfraquecida por uma seca não vai responder como poderia em condições “normais”, por exemplo, à poluição do ar.
“Ainda não explorámos o efeito conjunto, que estamos a começar a considerar, mas que vai ser indispensável estudar no futuro para determinar depois as políticas de conservação, de proteção e recuperação” da natureza, resumiu a cientista.
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