Ou seja, são cerca de 30 mil milhões de euros empatados nos balanços dos bancos e que os impedem de aumentar o crédito às empresas e assim contribuir para o relançamento da economia.

Esta é, de resto, a razão pela qual o Governo de António Costa pôs em marcha um plano para limpar os balanços da banca, tendo formado um grupo de trabalho para estudar possíveis soluções.

Mas volvidos vários meses desde a criação deste grupo de trabalho, salta à vista que é cada vez mais difícil uma solução tipo “banco mau”, que tenha apoio público. Tal como o Jornal Económico noticiou, uma das soluções em estudo passaria pela venda a um veículo especializado, em condições de mercado, mas com uma forma de garantia estatal. Esta solução choca com a realidade, dado que as regras europeias de ajuda de Estado dificultam este tipo de soluções. Além disso, não há grande margem do ponto de vista político. Os portugueses estão cansados de pagar as faturas da banca.

Outra eventual solução seria a criação de uma espécie de “SIBS” para o crédito malparado, isto é, uma entidade autónoma que seria detida pelos bancos portugueses e que ficaria com os seus créditos problemáticos. Como cada banco teria uma participação reduzida nesse veículo, o risco estaria repartido. Num mundo ideal, esta seria a melhor solução. Mas não seria fácil de implementar, até porque não é possível obrigar os bancos a aderir a um mecanismo destes.

Dito isto, tudo aponta para que cada banco venha a encontrar a solução para o seu próprio problema de malparado. Em vez de termos uma solução sistémica, desenhada pelo Governo e aplicada a régua e esquadro, teremos provavelmente soluções caso a caso, com cada banco a gerir os seus próprios problemas, numa altura em que o malparado já não é um problema prudencial mas antes uma questão de rentabilidade.

Felizmente, entre os grandes bancos nacionais, os sinais são animadores a esse respeito: a Caixa vai receber do Estado uma soma gigantesca que lhe permitirá vender carteiras com desconto e assim resolver os seus problemas. O mesmo se passará com o BCP, que em breve terá um novo acionista chinês. E o Novo Banco conhecerá em breve o seu futuro, com um processo de venda que poderá incluir a alienação de carteiras de crédito a um investidor especializado e diferente daquele que vier a comprar o ‘franchise’ da instituição.

Fórum Banca no dia 23 de Novembro
Estes e outros temas estarão em discussão no Fórum Banca, que o Jornal Económico e a PwC promovem no dia 23, no Ritz Four Seasons, em Lisboa, com as presenças confirmadas do governador do Banco de Portugal, do secretário de Estado do Tesouro e dos líderes do Millennium bcp, do Novo Banco, do Santander Totta e do Banco CTT. Um evento a não perder por todos os que se interessam pelo futuro de um setor que tem impacto nas vidas de todos nós.