No seu habitual comentário semanal na SIC, Luís Marques Mendes, comentou a crise do setor da saúde.
A grande contestação no setor da saúde (os médicos ponderam fazer uma greve de 3 dias no inicio de abril) significa para o comentador político que “acabou o estado de graça do Ministro da Saúde”, e “já durou muito tempo”, diz.
“Os médicos queixam-se de concursos que não são feitos, que são atrasados ou são adiados”, disse, ao mesmo que adianta que os enfermeiros queixam-se da falta de pessoal de enfermagem e a situação pode agravar-se com a redução até ao verão das 40 horas para as 35 horas.
“Há muitos hospitais que se queixam da falta de dinheiro. Estão a rebentar pelas costuras. O endividamento tem vindo a aumentar com mais dívidas a fornecedores, a dívidas relativamente aos medicamentos”, depois “há as listas de espera”, adianta.
“O problema financeiro tem mais a ver com a ditadura do Ministério das Finanças”, disse o comentador.
“A falta de reformas no setor do saúde”, é uma marca deste Governo referiu Marques Mendes. O Executivo de Costa “gere o dia a dia”, para não desagradar os parceiros do Governo, explicou.
Na generalidade dos setores não há reformas, adianta, prevendo que essa contestação vai acontecer noutros setores, nomeadamente “na educação”.
“Os problemas disfarçam-se durante algum tempo e agora depois de dois anos notam-se”, remata.
Marques Mendes acha no entanto que Adalberto Marques Fernandes “não vai cair” do Governo.
A questão da ADSE foi também abordada. “Há um impasse nas negociações entre os privados, que são os grandes clientes da ADSE, e a própria instituição que quer baixar as tabelas de preços”, contextualiza Marques Mendes. O impasse tem a ver com o nível da redução dos preços. “Tem de haver acordo, porque se não houver perdem todos. Perdem os privados porque perdem um grande cliente e têm de encontrar alternativas. Perdem os funcionários públicos que são centenas de milhares porque gostam da ADSE e portanto se a situação se complicar deixam de poder usar este sistema de saúde, e perdem os hospitais públicos que já estão a rebentar pelas costuras e se levarem com mais de um milhão de beneficiários da ADSE é o caos, para além de aumentar a despesa do Serviço Nacional de Saúde que já em grande”, referiu o comentador.
A própria ADSE, que vive das contribuições dos seus beneficiários, passa a ter menos receitas, relembra.
“A oposição do PSD e do CDS está distraída”, disse indignado, lembrando que o que se passa na saúde já devia justificar um interpelação ao Governo no Parlamento.
“A ideia central de Rui Rio foi demarcar-se de Pedro Passos Coelho”, disse citando a reunião com António Costa com vista ao diálogo com o PS; o caso de Elina Fraga e o confronto com os deputados. Demarcar-se do passado é a marca de Rui Rio, segundo o comentador.
Mas “já é tempo do PSD começar a fazer oposição”, disse Marques Mendes ao mesmo tempo que achou bizarro que em vez disso Rui Rio tenha começado o seu mandato por se reunir com António Costa.
“É um pouco surreal que o primeiro acto do novo líder do PSD tenha sido negociar com o Governo em vez de tomar uma iniciativa de oposição”, isto depois de o partido estar há “cinco meses, desde as autárquicas, sem fazer oposição”, avançou.
Rui Rio partiu a desafiar António Costa para acordos de regime: descentralização e fundos estruturais. “Mas estes dois temas são a agenda que António Costa deseja”
“Costa esfrega as mãos de contente porque fazer ciúmes aos parceiros de esquerda é bom para ele”, disse ainda o comentador.
Mas e os temas que o líder do PSD elencou na sua campanha: “justiça, segurança social, reforma do Estado, onde é que estão?”
“É positivo haver diálogo mas deviam ter escolhido matérias que dissessem mais às pessoas”, disse Marques Mendes que citou o caso da segurança social e o artigo de Helena Garrido.
O comentador aponta a ausência do desenvolvimento do interior do país e a coesão territorial que devia estar na agenda dos acordos de regime. “Esqueceram-se de levar este tema para a reunião”, denuncia Marques Mendes.
“A descentralização é apenas transferir competências para os municípios”, explicou.
Elina Fraga, Fernando Negrão e o PSD virou um Albergue Espanhol
Por outro lado, Marques Mendes volta a apontar como fragilidade de Rui Rio a escolha de Elina Fraga para a vice-presidência do partido. “Elina Fraga é conhecida por ser contra a intervenção Ministério Público e Fernando Negrão, líder parlamentar, elogiou o Ministério Público”, disse Marques Mendes que acrescentou que o PSD de Rui Rio corre o risco de parecer um Albergue Espanhol.
“Rui Rio gosta de confronto e é corajoso, mas um partido em turbulência é um partido que não sobe nas sondagens nem ganha eleições”, avisou Marques Mendes.
Sobre a fraca votação do líder parlamentar, Fernando Negrão, considerou em primeiro lugar que todo o episódio deu “uma imagem lamentável” do grupo parlamentar do PSD. Mas Marques Mendes apontou sobretudo responsabilidades a Rui Rio que até hoje (um mês e meio depois de ser eleito) não se reuniu com os deputados do grupo parlamentar, e lembrou a provocação de Rio ao não ter convocado Hugo Soares para a primeira comissão política nacional, o que foi “um erro, foi deitar gasolina para cima de uma fogueira”, concluiu.
“O grupo parlamentar não dá imagem de coesão e todos ficam mal na fotografia”, disse.
“O líder parlamentar tem de ter confiança do líder do partido e confiança dos deputados”, aqui não há essa confiança.
“No lugar de Fernando Negrão tinha-me ido embora”, disse admitindo que o líder parlamentar tem legitimidade para ficar, mas é uma legitimidade fraca. “Neste processo é mais vítima que réu”, disse o comentador.
Nos debates com o primeiro-ministro é que Fernando Negrão se vai definir. Na próxima quarta-feira em que vai decorrer o debate quinzenal com o primeiro-ministro é o seu primeiro teste como líder parlamentar.
Aos temas para a oposição pegar juntou os dados desta semana da dívida pública. “Apesar da economia estar a crescer, a dívida pública em termos nominais aumentou quase dois mil milhões de euros e a oposição não diz nada?”.
Incêndios, Europa, China e Adolfo Mesquita Nunes
Marques Mendes elogiou a medida do Governo (do MAI) de obrigar os proprietários a limpar os terrenos até 15 de março. O incumprimento dá lugar a multas.
“Se os particulares não limparem entram as autarquias”, lembrou o comentador.
“A sensibilização e mobilização da sociedade para evitar incêndios é muito positiva”, disse.
“Tanto o Governo de António Costa, como as autarquias e também os particulares têm mostrado empenho ativo nesta limpeza dos terrenos. Não podemos repetir o pesadelo dos incêndios do último ano”, alertou Marques Mendes.
Na área internacional, depois de comentar o cessar fogo de 30 dias na Síria (uma guerra que já dura há sete anos com o apoio da Rússia e do Irão), falou da falência da comunidade internacional e das Nações Unidas, neste caso.
Na Europa destacou as eleições em Itália na próxima semana, e o referendo na Alemanha para ver se há coligação com o SPD.
Marques Mendes considerou ainda um retrocesso o facto de o Presidente da China querer prolongar o seu mandato, para lá dos dois mandatos. “Já tínhamos um czar num lado [Putin]; um sultão [Erdoğan] e agora temos o regresso de imperador”, disse o comentador .
Como novidade Luís Marques Mendes trouxe hoje uma sobre o CDS. O programa eleitoral e do Governador do CDS terá como coordenador Adolfo Mesquita Nunes, nome que será anunciado no próximo congresso do partido liderado por Assunção Cristas.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com