A primeira nota de zero euros chegou a Portugal e o país entrou no restrito grupo de nações europeias ilustradas na nota que está a arrebatar colecionadores e curiosos um pouco por toda a Europa. Mas atenção: estas notas não servem como moeda de troca, e destinam-se essencialmente a colecionadores e turistas. São feitas exatamente da mesma forma das notas verdadeiras que usamos todos os dias já que têm selo holográfico, marcas de água, relevos e até os filamentos de segurança. Agora, e depois de fazer sucesso em toda a Europa, chegam a Portugal e com o Castelo de São Jorge a ilustrar a nota inaugural. A primeira nota de zero euros ilustra o emblemático castelo lisboeta e chegou no início deste mês à capital portuguesa. Serão vendidas junto ao Castelo de São Jorge e serão impressas 5 mil notas, com um valor unitário três euros.
Francês comercializa nota
Benjamin Busch, um professor de língua alemã de 26 anos, natural de Estrasburgo e apaixonado por filatelia desde tenra idade, contou, em entrevista ao Jornal Económico, que a nota de zero euros foi a ‘desculpa’ perfeita para deixar a profissão de docente. “Desde criança que sou um amante de filatelia já que o meu pai tinha uma loja de filatelia no centro de Estrasburgo. Por esse motivo, comecei desde muito cedo a colecionar selos. A determinada altura, quis deixar a docência e fazer outras coisas, mudar o meu rumo de vida. Desde janeiro deste ano que criei um pequeno negócio de filatelia”.
E como é que um francês, professor de alemão e amante de filatelia, decide abraçar o desafio de trazer a nota de zero euros para Portugal? “Estou muito habituado a Portugal, já que o meu pai tinha um apartamento no Vimeiro. E sempre mantive em mente a ideia de poder vir muitas vezes a Portugal”, conta Benjamin Busch ao Jornal Económico.
“Vi uma entrevista de Richard Faille, criador da lembrança da nota de zero euros em 2015, e entrei em contacto com este empreendedor francês no sentido de garantir os direitos exclusivos para comercializar a nota de zero euros em Portugal”. Foi desta forma que o agora distribuidor exclusivo da nota de zero euros para Portugal conseguiu arranjar uma atividade profissional que o mantivesse próximo de Portugal, o seu destino de infância durante tantos anos.
Objetivo: 50 notas portuguesas
Benjamin Busch traçou ao Jornal Económico quais os objetivos a alcançar no mercado nacional: “No primeiro ano do produto em Portugal – ou seja, até setembro de 2018 – prevemos ter dez notas diferentes só com imagens de Portugal. Gostaríamos de chegar às 50 notas diferentes com imagens que ilustrem este país”, realçou o distribuidor exclusivo deste produto.
Mas o que é necessário para chegar a estes números? “Precisamos de autorizações. Por isso vamos reunir com uma série de entidades em Portugal de forma que possa ser autorizada a imagem dos vários monumentos nas nossas notas. Se um clube, por exemplo, quiser ter uma nota, pode acontecer”, realçou o empresário. E tem de ser um monumento ou pode ser algo que represente o país, como o fado? “Temos um enorme leque de possibilidades porque este produto permite inúmeras hipóteses: Ponte Vasco da Gama, a figura de Ronaldo ou de Eusébio. Queremos promover a cultura e a identidade do país. Até gostaria de ter sugestões de imagens para ilustrar nas notas portuguesas”, conclui.
Pode uma ‘lembrança’ incrementar a identidade europeia?
A identidade da União Europeia é um aspeto pouco desenvolvido no ‘Velho Continente’ e a implementação da moeda única pode não ter consolidado ou estimulado essa identidade. Coloca-se então a questão: pode uma ‘lembrança’ incrementar a identidade europeia? “Creio que sim. Entre as pessoas que compram estas notas, temos notado que existem aquelas que colecionam as várias notas de zero euros existentes (estimamos que existam neste momento cerca de 4 mil colecionadores desta nota) àquelas que as compram simplesmente por considerar uma lembrança interessante. Na minha opinião, e pela minha experiência com este produto, pode-se amar ou detestar o euro mas há algo que as fascina de forma inevitável: o local ou monumento que lá está retratado. Portanto, acredito que estas notas podem ajudar a desenvolver uma identidade europeia e agregar os europeus à sua moeda”, acredita Benjamin Busch.
O motivo do sucesso
Pode uma nota fazer tanto sucesso entre as lembranças que se levam de um determinado país? Benjamin Busch é um pouco ‘suspeito’ para falar do produto que vende mas como apaixonado por filatelia não tem dúvidas que a originalidade da nota de zero euros vai fazer toda a diferença. Isso e a forma como esta nota chega aos colecionadores e turistas: “Para além da originalidade do produto, foi possível implementar máquinas de venda da nota o que permite que a pessoa adquira a lembrança sem ter que entrar numa loja de recordações. Se a máquina estiver bem localizada, é fácil alguém agarrar em dois euros e, de forma impulsiva, adquirir este produto. Além disso, é um produto novo e não tem qualquer tipo de concorrência”. Além disso, Benjamin Busch realça que não existe qualquer risco na impressão destas notas porque este é um produto que vai sempre escoar.
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