Há uma antiga blague sobre o mundo perfeito, onde o cozinheiro é francês, o mordomo inglês, o banqueiro suíço, o amante italiano e o motorista alemão. Por oposto, conta a história, o mundo do caos é quando essas nacionalidades e as funções se baralham, resultando, por exemplo, num cozinheiro inglês ou num mordomo italiano.
Na Fórmula 1, este ano, o campeonato está ao rubro, com 5/6 candidatos ao lugar número1 na grelha de partida em cada Grande Prémio disputado. A Ferrari parece ter o melhor carro e a Red Bull a maior motivação, mas é a Mercedes quem está (mais uma vez) a dominar o campeonato, somando duas vitórias consecutivas nas duas últimas corridas. A Ferrari, em contrapartida, vai para um jejum de três corridas, depois das duas vitórias inicial do alemão Sebastien Vettel. Porquê?
A explicação para o sucesso da Mercedes está num mix acertado de bons processos, boa liderança e uma equipa bem montada, em que cada um sabe exactamente qual é o seu papel e a sua missão. Na Ferrari, o comandante das operações é o italiano Maurizio Arrivabene, uma figura mítica da Fórmula 1, de 61 anos, e que espelha bem o que é uma (des)organização italiana: falta de coordenação geral da equipa, erros tácticos, muita emoção onde deveria existir razão. E é por isso que a Mercedes ganha. Ou, melhor, dizendo, que a Ferrari perde, apesar de dispor do melhor carro. É que do outro lado está uma rigorosa organização alemã.
Peguemos no exemplo da Ferrari e da Mercedes e saltemos para o tema do momento: o Sporting.
Não vale a pena discutir se o Sporting é um dos três grandes clubes do futebol português. É evidente que o é (o terceiro pelo palmarés amealhado), e apesar do jejum prolongado de vitórias no campeonato. Não vale a pena por em causa a qualidade do plantel, em que militam algumas das estrelas do futebol nacional, mas não só. Nem vale a pena discutir a valia da equipa técnica, que já ganhou campeonatos e troféus ao serviço de outro clubes.
O problema do Sporting é de liderança. Um presidente arruaceiro, que não entende nada de gestão e uma equipa dirigentes que falha em todos os planos, desde a comunicação aos processos organizativos. O Sporting é um caos, apesar do técnico, dos meios e do plantel.
O Benfica tinha os mesmos problemas e resolveu-os elegendo um presidente que nomeou e confia numa equipa profissional de gestão. Se o público é o décimo segundo jogador de uma equipa de futebol, no Benfica essa posição é do CEO, Domingos Soares de Oliveira, que antes de chegar à Luz era um consistente sportinguista.
O Bruno de Carvalho é o Maurizio Arivabene do Sporting. E enquanto se mantiver presidente do Sporting, os títulos continuarão a escapar a Alvalade. Temos pena.