A mediática transferência de Cristiano Ronaldo do Real Madrid para a Juventus, além do inquestionável reforço na qualidade e peso futebolístico que representou para a histórica equipa italiana, teve igualmente um brutal impacto financeiro e no número de seguidores nas redes sociais dos dois clubes.
A equipa espanhola perdeu quase um milhão no Twitter em apenas 24 horas, passando de 31,97 para 31,02 milhões num curto espaço de tempo, com a Juventus a registar um aumento muito significativo de seguidores: tem mais 1,4 milhões no Instagram, mais 1,1 milhões no Twitter e mais 500 mil no Facebook. O Twitter da Juventus tem 6,1 milhões de seguidores enquanto Cristiano tem 74,5 milhões. O Instagram da Juventus tem 11,5 milhões de seguidores, quando Cristiano soma 135 milhões.
Cristiano Ronaldo é o rei indiscutível das redes sociais no que diz respeito a jogadores de futebol. O capitão da Selecção Nacional tem mais de 74 milhões de seguidores, deixando a larga distância Neymar, com pouco mais de 40 milhões e Piqué, com quase 19 milhões. Lionel Messi limita-se a fazer concorrência dentro de campo, estando um pouco “offline” de todo este fenómeno mediático, contando apenas com 2,64 milhões de fãs na internet.
Para além das filas intermináveis para comprar a agora camisola mágica da Juventus, foi criado um sabor de gelado, assim como uma pizza, com a marca CR7. A Ronaldomania parece ter-se apoderado completamente de Turim, numa transferência onde os valores envolvidos parecem ser o factor menos relevante, com o foco apontado nos efeitos desportivos, financeiros e sociais que esta contratação já provocou, mas também nos que pode ainda provocar.
A Juventus até já começou a “amortizar” os milhões pagos para contratar Cristiano Ronaldo, com a venda das camisolas a atingir números absolutamente transcendentes em todo o país, sendo que até em lojas em Milão é vendida uma camisola por minuto.
A contratação de Cristiano não é apenas um reforço de plantel. A contratação do jogador português é também uma aposta do futebol italiano em trazer de volta os seus tempos áureos, que tanto se caracterizou pela presença de jogadores como Ronaldo (o brasileiro, entenda-se) Nedved, Shevchenko, Cannavaro ou Kaká, tudo jogadores que venceram bolas de ouro.
Desde 2009/2010 que o campeonato italiano não tem jogadores a vencer bolas de ouro, equipas a ganhar a Champions League ou a Liga Europa, e mesmo a selecção Italiana, que se sagrou campeã mundial em 2006, tem vindo a desaparecer do grande panorama europeu, algo que culminou numa não classificação para o Mundial de 2018.
A Juventus quer maior presença nos mercados, quer as suas acções a subir em bolsa, pelo que se trata de um golpe negocial capaz de influenciar várias áreas de actuação, podendo este vir a tornar-se o marco mais determinante na história do clube transalpino, tendo um impacto superior ao sucesso na Champions League. A relevância é tanta que há trabalhadores e sindicatos a organizar manifestações contra os valores envolvidos na transferência, apontando para o salário da estrela portuguesa e para as desigualdades sociais que tudo isto cria junto da industrial cidade Italiana.
Trata-se de algo inédito, uma vez que não estamos perante adeptos insatisfeitos com o ratio preço/qualidade do jogador contratado, mas sim trabalhadores revoltados pelo facto da sua Entidade Empregadora, o dono da FIAT (família Agnelli) estar por trás do financiamento da transferência de CR7, levando os seus operadores fabris ao desespero, devido aos precários ordenados que recebem no seio da empresa em comparação com o salário principesco do jogador português.
A Juventus tem três ligas dos campeões, Cristiano tem cinco. A Juventus, clube que melhor tem representado Itália nas competições europeias nos últimos anos, soma, desde 2007, 102 golos marcados na Champions League, Cristiano atingiu os 119. Ponderado tudo isto, a conclusão é simples: Cristiano não se transferiu para a Juventus, a Juventus é que foi transferida para o Cristiano FC.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.